segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Este sou eu. E esta é minha banda.

Permita-me usar este blog para vender meu jabá. Todo mundo precisa de um release, eis o meu.

Meu nome é Leonardo Kenji. Tenho 31 anos. Sou analista de sistemas, trabalho num projeto que envolve ferramentas de inteligência artificial e técnicas de análise de dados de microarray aplicado a biotecnologia. Eu gosto bastante do Vetta Labs. É uma empresa bastante promissora. Não vivo de música, mas gosto. Toco gaita desde os 14. Tenho me dedicado pouco, mas tenho até tocado um bocado. Moro com a Lud tem alguns anos, mas a gente namora tem mais de 10. Estou casado. Bem casado.


A Lud tá em todas, comigo. A melhor namorada que um gaitista poderia ter.

Na faculdade, eu já brincava de tocar bluegrass, alguns jazz standards e bossa-nova com um veterinário banjista e um clarinetista solo da filarmônica da Clóvis Salgado.

No buteco, tocava sempre as clássicas músicas de buteco com o Arthur, que já chegou a viver disso. Acho que eu tenho segurança para tocar todas aquelas músicas de churrasco que vc imaginar, de Hojerizah a Sapato Velho.


Tocando com o Max e o Arthur, standards de buteco. Num pedaço do paraíso na Terra chamado Floripa

Comecei mesmo ensaiando semanalmente numa banda que nunca teve nome, vocalista ou show que tocava classic rock, convidado pelo Lucas, o baixista da minha banda atual. Ensaiei semanalmente e religiosamente por um ano inteiro, fazendo uma gaita que era praticamente a segunda guitarra da banda. No repertório, Steppenwolf, Black Sabbath, Creedence, Led Zeppelin e afins.

Tive uma primeira encarnação do Deja Blue, minha banda de soul, blues e jazz (não muito jazz, ok) onde conheci minha atual vocalista, que tinha no repertório muito soul standard (muita coisa do the commitments, stevie wonder, marvin gaye), alguns blues mais fáceis e uma estranha versão jazzística de Chain Of Fools que nunca foi tocada da mesma forma, nem em ensaios. Durou cerca de 1 ano e três bons shows.


A primeira encarnação do Deja Blue era uma coisa muito smurf. E a Raquel era nossa Smurfette

Depois toquei semanalmente no café do Letras e Expressões, num esquema acústico onde o repertório ia desde Tom Waits a Morcheeba, passando por Manu Chao, Patti Smith, Placebo e The Strokes. Algo entre o rock indie e o que queríamos tocar. Foi mais de um ano, algumas vezes duas vezes por semana. Devem ter sido algo em torno de 80 shows.


O café do Letras e Expressões, apesar de ser um point de atores globais no RJ, em BH não emplacou, infelizmente. A gente tocava por vales do café. Foi um ano vivendo como um rei, à base de Eisenbahn, Cutty Sark e livros


Passei quase 2 meses em Washington, peguei algumas aulas com o Allen Holmes e toquei todas as semanas no Archie Edwards Barbershop, o ponto de encontro dos músicos de blues da cidade, onde cada sábado eu entrava 14h e saía quando a barbearia fechava, às 20h, sem parar de tocar, com violinos, baixos acústicos, steel guitars, gaitas, violões, pianos, sax, flautas transversais e outras coisas sem nome. O blues mais autêntico da cidade, regado a jazz, muito gospel e um pouco de country. Meu melhor blues, que infelizmente eu devia ter filmado, eu toquei com o NJ Warren e tocar blues com estes caras é uma escola.


A melhor jam de Washington D.C. à frente, à direita, Mr. Mike Baytop, o chefe da gangue da barbearia. Um sujeito enorme de alto, com um vozeirão sensacional e gente boa até não poder mais.

Fiz um pouco de violão, que nunca aprendi, mas consegui acompanhar um pouco de samba e mpb na cromática com os alunos do curso.

Nesta barbearia conheci a Lilly, onde participei de uma jam com outros 4 violinistas, e dois violonistas, todos de partituras e tocando jazz e ragtime. Pode apostar que ragtime é uma das coisas mais difíceis que vc vai tocar na gaita. Cada músico devia ter, no mínimo, 60 anos de idade, e eu estou sendo camarada.

Sempre me vi envolvido politicamente com a gaita. O anual CD do gaita-l passou pela minha mão por 7 anos seguidos. Festas de lançamento foram feitas em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Santos-SP. Já viajei para o Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas, Santos, Florianópolis, Juiz de Fora e Tiradentes só para ver shows, muitas vezes ficando em casas de gaitistas. Da mesma forma, minha casa tem sido um consulado para os gaitistas que vêm a BH, que hospedo com muito prazer.


Gaitistas vieram do Brasil inteiro para o lançamento do CD do Gaita-L no antigo Bar da Estação

Acho que apesar de não ter o timbre ou a técnica ou a precisão que eu gostaria, acho que tenho um bom ouvido e alguma experiência nas costas. Tenho certeza que minha gaita não soa a blues, e fico feliz que seja assim. Nem sempre ela é um instrumento de solo, para mim, mas sempre está num meio termo entre o solo e o contracanto melódico da música. É como eu gosto de tocar.


Tocando com a galera da gaita de BH no saudoso Otoni 16

Hoje em dia, eu tenho uma banda que é a reencarnação do Deja Blue, com uma formação que considero um time e tanto. O batera é um multi-instrumentista de formação acadêmica e com a cabeça muito aberta e tranquila, o que garante uma batera de mão leve, que para mim é o fundamental em qq banda. O baixista nasceu pronto, filho de um baixista profissional, toca tudo muito bem e com segurança. O guitarrista é prodigioso e humilde, uma combinação improvável e rara, e o que certamente fará com que ele vá ainda mais longe. A vocalista tem sempre melhorado e amadurecido e tem o timbre que toda banda de blues pediu a deus. Eu tento não estragar este time de pessoas formidáveis que tocam juntas tem um ano, e que agora buscam onde tocar no difícil mercado restrito e sem opções de BH.

Ninguém está ali para ganhar dinheiro com a banda, mas todos querem tocar. E todos podem tocar. Não está perfeito, mas está apresentável. Confira a demo. Não é nenhuma virtuose, mas não tem trapaças. Cada música foi gravada em no máximo duas tentativas. Pouquíssimos ajustes na mesa. Nada de autotune. Nada de corrigir desafinadas. Nada de recortar e colar trechos de músicas. A banda soa exatamente deste jeito que vc vai ouvir na demo. Gravamos e mixamos as 4 músicas em 2 horas. Isso é relativamente rápido.


O CD demo do Deja Blue vc confere neste post aqui

Agora é encontrar espaço e conciliar os horários de todos da banda. A vocalista é doutoranda em biologia, o guitarrista é engenheiro civil, o gaitista é computeiro, o baixista é formado em direito e o baterista é músico profissional e tem excelentes trabalhos como este de tango

É isto. Um dia, eu vou tocar legal igual o Osmar ;-) Mas até lá, eu vou me divertindo.


Quando eu digo tocar igual ao Osmar, eu falo disso aqui

Tomara que vcs conheçam em breve a nova encarnação do Deja Blue. Tomara que eu consiga fechar logo o show de lançamento do CD do gaita-l, meu último. Mas pode demorar, pq eu não vou fazer se não for prá ficar 100%. Desta vez eu não vou fazer concessões. Vai ser do meu jeito... ou não vai ser. Se fosse um show acústico, tinha dúzias de lugares, mas tente arrumar um lugar decente para colocar sua banda para tocar e vc vai ver que não há muitos espaços em BH para bandas. Uma pena. Mas a gente vai dar um jeito.


Minha capa favorita de CD do gaita-L: a deste ano de 2006

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