quinta-feira, 27 de outubro de 2005

[Harp-L] Recording in studio...advice?

Taí, um tópico interessante sendo discutido na harp-l: dicas para tocar em estúdio...




From: Windsaver@aol.com

Couldn't help myself to offer some tips. Having spent several years on Music
Row in Nashville as an engineer and harp player gave me some good ideas.

1. The studio is not a place to be having a cocktail party. Wait until the
recording session is over. You need to be sober for best results.

2. Know your gear so that you can dial in the "sound" requested. Some songs
like really dirty some like crystal clean. The quicker you can do it the
better.

3. Ribbon microphones do wonders for acoustic harp. Most studios should
have one. Not all engineers have experience recording harmonica so suggest at
setup time that it be ready for any songs that use acoustic harp.

4. Relax and leave the recording work to the engineers. Typically, it is
better to save questions about what they are doing, etc. until a break in the
recording action. Engineers really do have a lot of things to keep track of
during recording.

5. Treat the studio as if it was just like any other gig. Keep playing
even if you make a mistake (just like a live gig). It is easy to go back and do
it again if needed! It is amazing how people new to a studio can "freeze" up
when the record button is engaged and seemingly forget how to play. You know
you can play, so play!

6. It doesn't hurt to have some business cards to leave with the studio.
You never know when a harmonica player might be requested by someone. The
studio engineers will remember you if you are a cool cat to work with.

7. If you are the only session of the day, show up early before the actual
start time to haul in amps and get your rig setup (tell the drummer
especially). The engineers are going to be getting setup and will tell you where to
setup. Typically, this will not cost you any studio time.

8. The more prepared you are for the songs, the better the sessoin will go.

Have fun in the studio!

segunda-feira, 24 de outubro de 2005

novo visual velho

e aí? gostaram do novo visual velho?

já deu prá ver como vai ser o novo portal gaita-bh, né? ;-)

blogs são a mão na roda para zines na web. Até o Ben Felten sacou isso.

para não dizer que eu não sou um cara camarada, vou repassando o ouro do Bresslau e do Eisinger

http://www.fonosfera.pl/beata/

http://cdbaby.com/cd/rosenblatt

http://cdbaby.com/cd/gadfly507

e mais uns showzinhos legais em BH

a) Convidamos para uma show muito especial : "Rodica e convidados". no dia 03 de novembro as 20:30h no Teatro Dom Silvério. Neste dia Rodica Blues convida três personalidades do cenário musical mineiro: Nestor Lombida Hunt (Piano), Augusto Rennó (Violão e Guitarra) e Neném (Bateria). Os ingressos à venda na bilheteria do Chevrollet Hall de segunda a sábado 10:00 às 20:00 horas e aos domingos 12:00 às 20:00 horas, fone 3209-8989.

b) Leandro Ferrari + Hot Spot
19/11 Utópica Marcenaria BH/MG Hot Spot
18/11 Café com Letras BH/MG Part. com Hot Spot
13/11 Café com Letras BH/MG Part. com Hot Spot
04/11 Shopping Falls Palco Paladar Hot Spot BH/MG

c) dia 29, no Otoni 16, dia inteiro (14 às 22h) de shows terminando com o Paco Pigalle de DJ, na rua. Ia ter gaita, mas arreguei. Esquema corrido é foda. Ninguém mais gosta de gaita.

finalmente leia o blog do Flávio Vajman descendo o pau no pessoal do gaita-l e opine. O gaita-l é um bando de mauricinhos tirando onda? E se forem, quantos são Einhorns?

EXTRA! EXTRA! Zé Raimundo e Leandro Ferrari escrevem sobre o Blues em Belo Horizonte! Não deixem de ler!

por hoje é só, pessoal!

quarta-feira, 19 de outubro de 2005

fórum harmônicas do ceará by Kenji

fui lá, conferir os shows do Diogo Farias, Rodrigo Eberienos, Benevides Jr, José Staneck, Jefferson Gonçalves e André Serrano.

Quinta: cheguei no aeroporto na quinta de madrugada, perto de 1 da manhã. Diogo tava 48 horas sem dormir direito, de plantão, com a Michele, grávida de 8 meses, no aeroporto, para pegar eu e a Lud. Ficamos mais um pouco para esperar o Eberienos chegar. Nesse meio termo, o Diogo nos conta que no mesmo dia, um amplificador do Andy tinha queimado pq tinham ligado por engano em 220V, queimando, felizmente, só o transformador. O hotel onde os gaitistas iam ficar, no centro de Fortaleza, tinham furado com eles e tiveram que arrumar de última hora, um hotel mais longe, na correria de uma cidade que estava recebendo as principais bandas pop do Brasil no Ceará Music. Um evento destes também trazia uma complicação extra: a maioria dos roadies, técnicos de som, hotéis e estúdios estavam indisponíveis por conta do evento paralelo, assim como grande parte do público. Mesmo assim, uma das propostas do fórum era justamente oferecer uma alternativa cultural ao Ceará Music.

Sexta: enquanto o Diogo sai para ajudar na organização do festival, o Kenji e a Lud vão para a praia do futuro, um pedaço do paraíso na Terra e ficam por lá o dia inteiro. Voltamos no fim da tarde para tomar banho e ir para o show no dragão do mar. Ganhamos duas camisetas muito legais do evento, uma delas com a logo do cara tocando gaita, e outra com uma gaita estilizada, que tb vem tatuada no braço do Roberto Maciel, um dos mentores do evento. Chegando lá, fui ao camarim dos gaitistas, onde entreguei a encomenda de porta-gaitas do mário para todos. Andy Boy soldando um loop de efeitos no amplificador, recém consertado por um amigo do Diogo. Primeiro dia de show, Diogo e sua banda, De Blues Em Quando, abrem o festival com boas músicas, incluindo um hino à sogra... segue o show de Andy e Jefferson, dividindo o palco com a banda Blue Label, num belo show cheio de duelos e com o Andy cantando, um dos raríssimos casos de gaitista e blueseiro com capacidade para cantar, no cenário brasileiro. Roberto Maciel toma um merecido porre de whisky, pq o festival agora tinha começado. Eu teria tomado um tb. O show termina numa boa pizzaria ao lado do dragão do mar, onde a pizza de rúcula com tomate seco se tornaria a favorita de todos os pós-shows.

Sábado: acordamos cedo para chegar à câmara dos vereadores uma hora antes do workshop, para resolver os últimos pepinos. Workshop transmitido ao vivo na TV local. Cerca de 30 crianças carentes auxiliadas pela fundação Raimundo Fagner ganham free blues cedidas pela Hering. Aquela criançada tocando ao mesmo tempo (eu filmei isso!) e os gaitistas convidados no plenário, completamente aterrorizados com aquele público. Elegem o Benê para lidar com a criançada, que extremamente educada, se calava a cada pedido do Benê. As crianças aprendem noções básicas e conseguem fazer a escala de dó nos dois sentidos da gaita. No dia seguinte, serão cobradas a tocar uma música simples como Asa Branca ou Oh Susannah. Depois vem um rápido workshop sobre técnicas básicas, para alguns poucos gaitistas interessados. De tarde, passamos na escola de música onde ficava o estúdio onde o Eberienos ia passar as músicas. Alguns músicos tinham esquecido de aparecer. Diogo nos conta que alguns músicos simplesmente não honram seus compromissos se outros que paguem mais aparecerem depois. É com este tipo de coisa que ele tinha que lidar. O segundo dia de show começa com Benevides e uma roda de chorinho, que contava com um senhor luthier de pandeiros e seu filho de 9 anos. E o menino simplesmente arrasou no pandeiro, enquanto Benevides arrancou uma platéia aplaudindo de pé por 5 minutos. Em seguida, Staneck desfila um repertório de standards do Jazz e da MPB, dedicando "A child is born" para a Michelle e para o Rafael. Foi a primeira vez que eu vi alguém tocar toots melhor que o próprio. E terminou com o Eberienos tocando uma seleção de músicas de gaitistas, um pouco prejudicado pelo reverb, mas mesmo assim, fenomenal. A noite termina novamente na pizzaria, desta vez com o alívio de que estava quase tudo terminado. O show deste dia foi filmado e deve virar um DVD em breve. Não percam.

Domingo: workshop pela manhã. As crianças voltam e várias haviam tirado pequenas músicas. Tocam em uníssono e pela primeira vez eu ouço 30 gaitas tocando ao mesmo tempo na minha frente. Aproveitei para conhecer pessoalmente o Igor, gaitista de lá, e saber um pouco mais do cenário de Fortaleza. Finalmente, o workshop de amplificação do Andy e o workshop de microfones do Diogo, e foram os workshops de equipamentos mais bem completos que eu já vi. O Diogo simplesmente esmiuçou todas as sutilezas dos diferentes tipos de microfone comparando um a um num serrano amp tocando pelo eberienos, até chegar no surpreendente microfone com cápsula de telefone vitaminado com um transformador de sinal que deixou um microfone de cápsula de 10 reais com som melhor que de um green bullet. Finalmente, o último workshop, Benevides abre uma gaita e mostra rapidamente como dar manutenção básica numa diatônica.

Fim de jogo no maracanã. Eberienos corre para pegar o avião, os demais ainda conseguem almoçar num hotel do centro (eu e a Lud tb, de rebarba) onde Roberto Maciel e Diogo já conversam sobre a próxima edição do Fórum, que pela conversa, vai ser no mínimo melhor que este, após o aprendizado na unha. Fomos eu e a Lud para a feira de artesanato na praia e pegamos um peixe bom como não comíamos a anos. Voltei para a casa do diogo, onde copiei mais alguns DVDs para trazer para BH. No mesmo dia, Michelle já sentia algumas contrações, iniciando o trabalho de parto. Mas acho que ainda não nasceu, mas está a caminho. O pobre do Diogo ainda foi nos levar pro aeroporto (não tem táxi de madrugada em Fortaleza se vc não agendar antes) de madrugada (nosso vôo era 5 da manhã) e ele ainda ia fazer uma cirurgia às 10 da manhã do mesmo dia.

Claro que não tem tudo contado aqui. Nâo tem as conversas que eu tive com o Benê, com o Jefferson sobre o blues, com o Andy Boy sobre cantar e sobre a linguagem do blues nacional, com o Staneck sobre suas gravações, com o eberienos, que me emprestou o IPod cheio de preciosidades como ele tocando samba funk, umas coisas exclusivas e uma gravação do Levy com orquestra. Não tem a conversa com a Michelle sobre as diferenças entre Fortaleza e BH, não tem as piadas que o senhor que fazia pandeiros me contava nos intervalos das músicas, nem da incrível seriedade e dedicação que são detalhes marcantes do Diogo e do Roberto Maciel, nem dos Arre-Égua que o Andy berrava, nem do colchão do Andy que esconderam, nem do Staneck sendo sacanaeado pelo Jefferson por causa de um efeito de língua, nem de uma cantora de MPB local que era igual à Cássia Eller nem da conversa que eu tive com uma das moças que trabalham na Fundação Fagner, que largou um bom emprego de engenheira na companhia de luz local para dormir mais tranquila todas as noites, ajudando todas aquelas crianças no trabalho fantástico que eles fazem, e que para mim, foi o grande diferencial do evento: o detalhe social, que SPAH nenhum teve. Se há uma coisa que o SBRAH deve seguir como caminho próprio, certamente deve ser lembrar sempre do social. Acho que a cena mais fantástica que eu vi foi o Jefferson pegando praticamente todo o material promocional e o DVD de aula dele e dando para as crianças. Ou o Staneck mexendo os braços para dizer às crianças que era para aspirar ou para soprar, quando não levantava para ir em alguma criança específica, corrigir-lhe a gaita na boca.

Infelizmente, meus amigos, vcs vão ver as fotos, vão ver o DVD, vão ver os shows, vão saber dos casos pq eu estou contando. Mas infelizmente vcs não estavam lá para ver cada uma daquelas crianças. Cada uma delas.

Os shows não são nada, os workshops não são nada perto daquelas crianças.

Eu me lembro da Lud me contando um caso sobre um avô dela, que na verdade nem era avô de verdade, mas que era meio cego por causa de um colírio receitado errado, que pegava um acordeon do alto do armário e tocava para ela, quando ela era bem pequena. Ela achava a coisa mais linda do mundo. Anos depois, ela veio a saber que o avô dela não sabia tocar nada daquilo, mas que mesmo assim...

O que as pessoas precisam se lembrar do evento é de como as lembranças de infância da gente ficam na cabeça da gente. Essas coisas que parecem pequenas e banais para nós, não são banais para elas. Pode até ser que elas troquem as gaitas por balas daqui a uma semana, e pode ser que não saia gaitista nenhum dali. Mas se vc dá perspectiva para quem tem tão pouco, vc está dando o que uma pessoa poderia precisar para a vida inteira dela.

Isso tudo aliado à grandiosidade e ao sacrifício de todos aqueles que fizeram o que podiam e o que não podiam para fazer acontecer este evento, que podia não estar lotado, mas que não pisou na bola um minuto sequer, apesar de todos os reveses, que fiz questão de enunciar todos neste post, me fizeram sentir especial e incrivelmente feliz de ter podido conhecer Fortaleza e as pessoas incríveis que moram lá. E claro, de ter visto os shows, conversado com as pessoas e tudo o mais.

Tentem não perder o próximo. Eu sei que é uma viagem cara e que eu fui privilegiado de poder ter ido, pq é uma viagem cara e eu tinha onde ficar por lá. Mas façam um esforço e prestigiem o que é empolgante, deslumbrante e nobre.

Fotos Diogo
Fotos Eberienos
Fotos Kenji (1)
Fotos Kenji (2)
Fotos Kenji (3)

terça-feira, 18 de outubro de 2005

singing the blues

se um dia eu começar a cantar blues pro aí, vai ser culpa do Andy Boy. Depois que o cara me falou que eu devia cantar, vindo dele, um dos raríssimos gaitistas nacionais capacitado para cantar, eu até durmo mais tranquilo...

vamos estudando que o resultado vem...

cantada

minha professora de violão comentando que eu, ela e mais um cara bom no violão precisamos fechar um pequeno repertório prá tocar no café do sesiminas

ho ho ho ho ho

já falei, não convida que eu vou heheheheheh

pensamento do dia

num bate papo com o Benê, ele falou algo que ficou na minha cabeça (ele sempre diz algo que fica na minha cabeça. Acho que sou um gaitista Benevidiano)

"tem gaitista que faz show prá gaitista, e não se preocupa se a música é boa. A música que tem que ser boa..."

certo... certo...

quarta-feira, 12 de outubro de 2005

Um bate papo com Leandro Ferrari e o que vem por aí em BH

[publicado no Portal Gaita-BH em Outubro de 2004]

Quando eu sentei na mesa do café três corações para conversar com o Leandro Ferrari sobre os projetos e o que há por vir em BH de eventos gaitísticos, mais do que um entrevistado, Leandro é um velho amigo, de tempos em que nós dois éramos os únicos rapazes da cidade que conseguiam conversar sobre Charles Ford Bluesband. Eu não sou jornalista e o Leandro não era o entrevistado, mas eram dois velhos conhecidos conversando sobre gaita.

Muito antes da internet e do mp3, Belo Horizonte era uma cidade que só conhecia dois gaitistas. O mestre Marcelo Batista, grande gaitista que se estabeleceu como referência em cromática e recentemente na diatônica, e o jovem Leandro, que tocava aos 15 anos na legendária banda Companhia do Blues, 14 anos atrás. Naquela época, não haviam muitas bandas e o conhecimento era esparso e pouco. Cheguei a pegar algumas aulas com ele mas nunca tive a disciplina e o tempo necessários. Mas sempre houve o clima de camaradagem e respeito mútuos. Assim, este pequeno artigo não tem a isenção e a distância necessária para ser isento ou crítico, mas tenta trazer informação ao desinformado público mineiro sobre o que vem por aí e sobre quem é o gaitista e amigo Leandro Ferrari.

Leandro começou aos 15 autodidata. Como todo autodidata, e sem professores de diatônica em BH na época, precisava viajar nos fins-de-semana para São Paulo, onde tinha aulas de diatônica com Sérgio Duarte. "BH sempre esteve dez anos atrás de São Paulo", diz Ferrari, "Quando eu tinha aulas com o Sérgio, ele já me avisava que seus alunos se tornavam seus concorrentes, dando aulas também. Hoje, eu passo pela mesma coisa, mas tenho orgulho disso, eu consegui construir alguma coisa"

Depois da Companhia do Blues, Leandro participou do Mandinga Bluesband, onde teve a oportunidade de abrir o show do The Fabulous Thunderbirds, tocando no mesmo palco do Kim Wilson. Depois passou vários anos no The Nasty Blues do guitarrista Bruno Avanzato até participar da banda de pop-rock Jam Pow. Enquanto participava do Jam Pow, abandonou a gaita blues e entrou num período de experimentalismo, tentando criar uma linha que explorava texturas diferentes e riffs dentro da proposta da banda. Na Jam Pow, teve oportunidade de tocar em grandes festivais como o Pop Rock, para públicos de 40.000 pessoas e trabalhar com produtores como Haroldo do Skank e John do Pato Fu. A Jam Pow abriu as portas do primeiro escalão da indústria fonográfica, tendo participado de trabalhos de Lô Borges e Skank (regravação de "Vamos Fugir" de Gilberto Gil).

Atualmente, está com vários trabalhos. Este ano, tocou com uma banda de Madrid chamada Machaka Groove, comandada pelo excepcional guitarrista mexicano Emiliano Juarez, seguindo uma linha inspirada nas batidas do trance e do drum´and´bass, utilizando extensivamente pedais e emuladores de amplificadores como o POD-XT e o V-AMP. O Matchaka volta a BH em Novembro e fica em Macacos até Março, provavelmente trabalhando num CD produzido pelo vocalista e produtor Rogério Flausino (Jota Quest).

Também mantém um trabalho regular chamado Compadres, numa linha mais acústica, com repertório de rock e blues. Confira os shows do Compadres na agenda dessa edição. Todo mês organiza o Garage da Caza Bluesband, na casa de shows homônima, com músicos que participavam do cenário do blues em BH.

Com a volta da Companhia do Blues, Leandro também participa como gaitista da banda. E finalmente, seu trabalho mais importante, com o guitarrista Rafael (ex-Nasty Blues), possui um trabalho experimental e instrumental, dançante, com fortes influências de música eletrônica. O CD desta formação já está sendo produzido e estará disponível em breve. Uma faixa deste CD, exclusiva, está disponível em nosso site no final deste artigo.





"todas as músicas (deste cd) têm a utilização de pedais, que alteram o timbre do instrumento, que é uma coisa arriscada, porque o que a gaita tem de melhor é o timbre dela. Agora, se os guitarristas da época do Jimi Hendrix não tivessem feito isso... deste Little Walter, na época da eletrificação da gaita (...) todo gaitista de blues quer ter o timbre do Little Walter (...)"

Em 2000, organizou o Minas Harp, trazendo o gaitista Jefferson Gonçalves e organizando shows e workshops. Este ano, pretende trazer de volta o Minas Harp agora em Dezembro. Nomes que estão sendo considerados para participar do evento são os gaitistas Rodrigo Eberienos e Thiago Cerveira. O Minas Harp este ano deve contar com a co-produção de José Raimundo e render dois shows, um com banda no Garage da Caza e um show acústico no Palco Paladar, ambos no fim-de-semana.

Leandro também é professor de gaita e desenvolveu, na escola de música Pró-Music, onde lecionou por oito anos, um método próprio baseado em métodos de guitarra, tentando ensinar gaita sem associar obrigatoriamente o instrumento ao blues. Enfatiza bastante o estudo da primeira e quarta posições, ao invés da ênfase tradicional à segunda e terceira posição, mais tradicionais do blues. "Nenhum guitarrista aprende a tocar com "Oh Suzannah". (...) A gaita infelizmente está muito presa ao blues e isso é ruim para a gaita, porque instrumento nenhum está preso a estilo musical nenhum"

Em termos de estilo, Leandro diz, hoje em dia, estar muito mais influenciado por guitarristas que por gaitistas, especialmente Tom Morello (Audioslave / Rage Against The Machine). A grande influência de riffs foi o gaitista Flávio Guimarães (Blues Etílicos). Toca cromática, mas admite que sua praia é a diatônica. Usa electrovoice 630, lee oskars (muito por causa da durabilidade e das afinações especiais)

"Agora eu tou feliz prá caramba porque este ano é o primeiro ano que eu estou tocando com os meus alunos (...) dividir o palco com outro gaitista em Belo Horizonte levou dez anos prá acontecer, e tá acontecendo agora"

Site oficial: www.leandroferrari.com

O Portal Gaita-BH agradece a colaboração de Leandro Ferrari.

Microfones Artesanais de Diogo Farias

[publicado no Portal Gaita-BH em Outubro de 2004]

Meu interesse por microfones de gaita iniciou-se ao adquirir o meu primeiro bullet para gaita (shure 520-DX). Após muito uso, o potenciômetro começou a dar defeito e procurei um ex-técnico da Lesson aqui em Fortaleza p/ efetuar o reparo. Ele me disse que as cápsulas de telefone davam um timbre parecido com o do meu bullet e que tinha colocado uma dessas cápsulas em um blues blaster que estava com o elemento queimado. Curioso, fui às eletrônicas e comprei várias cápsulas de telefone e fiz alguns testes. Isso resultou no meu primeiro modelo, a “estrovenga” que ao ser apresentada ao pessoal de BH mudou o nome para “sweet mamma”. Montei uma série deles - o corpo usado foi a tampa de uma mamadeira ao contrário da estrovenga que era montada em um pote de tempero. Na verdade, a Estrovenga ou Sweet Mamma é uma opção barata para quem ainda não quer inverstir em um microfone para gaita, pois timbra muito melhor que um microfone de voz, mas nunca baterá os tradicionais bullet's para gaita. Existe um esquema na internet que ensina a montar um microfone com cápsula de telefone.

Os bullets tradicionais me incomodavam em alguns pontos ergonômicos. Meu microfone preferido era o green Bullet, porém o achava pesado e com o diâmetro um pouco grande para as minhas mãos. Quando passava muito tempo tocando meus braços cansavam. O Astatic tinha um diâmetro mais confortável, porém aquele esbarro inferior incomodava ao fazer a vedação da concha. Passei então a procurar outras opções de microfones e notava que sempre havia um ponto ergonômico negativo e embora eu achasse um modelo ergonomicamente melhor, seria difícil e adquiri-lo, pois esse microfones antigos são raros. Passei então a pesquisar microfones artesanais e encontrei um cara na Califórnia (Fritz) que faz uns microfones muito bonitos, usava madeira para fazer o corpo e tinha essa preocupação ergonômica. Entrei em contato e me desanimei quando ele me passou os preços. Deixei, então, essa idéia de lado. Certo dia, comentando com meu pai sobre os microfones do Sr. Fritz, ele disse que uma vez comprou um ovo de madeira que servia para costurar meias. Procurou em umas caixas velhas e felizmente encontrou. Ele não serviu, mas me veio a certeza de que poderia fazer um microfone para gaita adaptado às minhas necessidades. Parti pro desafio e fui a uma metalúrgica levando meus mics e o ovo de madeira. Expliquei minha idéia e passamos ao próximo passo: que material usar para fazer o corpo. Tinha que ser leve e fácil de trabalhar. Pensamos em alumínio, mas ficava difícil para pintar. Um material plástico, sujava muito. Por ironia do destino, o dono da metalúrgica tinha derrubado uma parte do galpão e tinha uns pedaços de madeira jogados em um canto, perguntei se era possível usa-los e resolvemos testar. Surgiu o primeiro modelo.

Mandei as fotos p/ alguns amigos e pedi opiniões sobre o projeto.

e-mail do Gaspar Viana:

Muito bom !

Faltou o acabamento na madeira, né ?
E se tiver como fazer um pra mim (sem elemento, claro) diz o custo :-)
O acabamento deixa por minha conta, querendo alguma ajuda, tamos aê...

[[]]'s

Gaspar


O e-mail do Gaspar me despertou para dois pontos fundamentais: um, que precisava de um acabamento melhor e dois, que tinha alguém querendo adquirir um microfone meu.
Resolvi pesquisar material, aprimorar algumas peças e refinar o acabamento, testar várias possibilidades. Nesse momento, percebi o trabalho que dá em se criar alguma coisa, transformar as idéias em algo concreto e com qualidade. Surgiu então o modelo que batizei de DF-PX1. Depois de testar fiquei muito feliz, pois consegui um modelo bonito com visual vintage, leve e com uma excelente empunhadura, permitindo uma vedação excelente. Notei também que a madeira do corpo tem uma influência na timbragem. Além do mais é uma peça exclusiva. Os feitos em madeira natural são únicos, pois jamais existirá um igual ao outro.
Especificações do DF-PX1

- Visual vintage
- Corpo em madeira (disponho de vários tipos de madeira)
- Blindagem eletrostática (para evitar zumbidos)
- Conectores (de rosca vintage)
- Controle de volume
- Potenciômetros de acordo com a cápsula a ser instalada (cápsula não inclusa)
- Pintura com detalhe em purpurina azul
*Equipei esse mic com uma cápsula controlled magnetic da Shure

No momento estou fazendo os seguintes acabamentos:

-Madeira natural
-Madeira natural com detalhe machetado
-Madeira composta (vários tipos de madeira em uma só peça)
-Verniz pigmentado translúcido (permite ver a madeira)
-Pintado
-Pintura com purpurina

Obs: Verniz com acabamento semelhante ao usado em guitarras.

A idéia é entregar o microfone pronto para instalar a cápsula, o que se faz com extrema facilidade e sem solda, basta apenas colocar os fios no terminal e apertar.

Em breve, estarei colocando uma página na internet com fotos dos outros tipos de acabamento. Também recebi pedidos para instalar uma cápsula de SM-58, para ser usado para voz e isso será possível em breve, pois tenho que modificar um pouco o projeto do corpo. A todos um forte abraço e fico à disposição para qualquer pergunta.

Diogo Farias
diogogaita@hotmail.com
(85) 9119 0345 / (85) 3226 2862

Diogo Farias é gaitista, violonista, médico cirurgião de mão, criador de canários, surfista, fabricante de microfones. Tudo isso em Fortaleza, Ceará.

Portal Gaita-BH entrevista Rodrigo Morenno

[publicado no Portal Gaita-BH em Outubro de 2004]

A entrevista desta edição é com Rodrigo Morenno, um dos articuladores do Gaita-BS, a comunidade gaitística da Baixada Santista, um dos organizadores do evento de lançamento do CD do Gaita-L deste ano. A entrevista foi feita pelo ICQ.

Gaita-BH: como começou o gaita-bs?

Rodrigo Morenno: Eu resolvi fazer aqui em casa, no meu niver um BBB ( barbecue beer e blues). A Lu Vaz já se adiantou e convidou o Paulinho p/ a festa, e tb convidei entre outros amigos meu ex- professor de gaita josé carlos. Neste dia 22/07/2001 eu criei a lista de e-mails no grupo e no BBB já rolou Aquele Blues

Gaita-BH: mas então vc já conhecia um pessoal que já curtia blues

Rodrigo Morenno: Muito poucos, mas já conhecia alguns.

Gaita-BH: e quem era gaitista?

Rodrigo Morenno: Gaitista conhecia somente o Prof Zé Carlos e Paulinho. Eu já tinha gaita há 1 ano e meio. A lista na net ficou algum tempo somente com 3 integrantes : Eu, Paulinho e Lu Vaz, e foi entrando gente, o grupo tomou força em janeiro de 2002 com o primeiro encontro do Gaita-BS, onde conhecemos o gaitista santista Renato Yervant e a presença e a grande presença do Ivan Márcio (Prado Blues Band).

Gaita-BH: quem bolou o primeiro encontro? onde foi, o que teve?

Rodrigo Morenno: Quem teve a iniciativa acho q fui eu (festeiro), mas sempre com o agito da LuVaz e Paulinho. O primeiro encontro foi no solário do meu prédio, levamos alguns comes e muitos bebes :), Além dos já citados também estiveram presentes amigos, namoradas e outros músicos. 15 pessoas mais ou menos. A festa tava tão boa q saímos do solário(devido a restrição de horário) meia-noite e fomos tocar na praia até de madrugada!!!! Em janeiro deste mesmo ano(2002) fomos algumas vezes aos shows do Ivan Márcio no Renegados moto bar em Praia Grande. Onde estiveram presentes outros gaitistas e amigos. Rolaram canjas etc.

Gaita-BH: como que rola os esquemas dos shows e dos bares? tem redutos do blues em santos? quais são as bandas que rolam aí?


Rodrigo Morenno: Tem muito poucas bandas de blues em santos (baixada santista), Profissional mesmo desconheço. A los mocambos e Prado são de São Paulo. Casas de Blues não temos nenhuma específica, mas o Radio City Café é a mais segmentada. Várias casas nos recebem bem, onde já rolaram alguns shows e encontros.

Gaita-BH: quais casas, quais shows e quais encontros? ;-)

Rodrigo Morenno: Seguindo a cronologia queria destacar que em março de 2002 teve o Gaita Fest, aqui no salão do meu prédio mesmo, e contamos com a presença do kiko Ribeiro, vicente (sp) e nada mais nanda menos que o Mestre Ulysses Cazallas, foi um encontro menos Blues e muito musical, mas tb tinha muiiiiiita cerveja :)

Gaita-BH: sem cerveja não tem jeito ;-)

Rodrigo Morenno: Vamos lá Renegados moto bar em Praia Grande, já recebeu Ivan Márcio e banda zoonose e outros shows do Paulinho. Também sempre comparecemos ao Bar do Sesc em Santos, que as quintas feiras tem o projeto Sol Maior, que já trouxe de Sugar Blue, Flavio guimarãoes, nasi, sergio duarte, jj jackson entre outros. Também compareciamos no bar Barão do Café, onde paulinho tocava com a banda da casa ( onde o conhecemos). Encontros e Shows no Moto stories em Santos. Encontro no Latitude 23, bar do sírio. NOSSA qta festa e como bebemos hein!!! Em julho de 2002 já bolamos o primeiro BBF. A princípio eu queria novamente fazer meu aniversário só que numa casa para levar uma banda... porém Paulinho e Luciana Vaz encrementaram a idéia, o grupo já devia ter uns 30, ela e muita gente ajudou a lotar o piano bar do sírio libanês (250 pessoas), sem contar dezenas que dispensamos pela lotação. Destaque para o link na TV Tribuna(globo) que a maravilhosa Lu Vaz descolou. Show das Bandas Birinigt Blues (paulinho) Prado Blues Band, além da apresentação das duplas Jose Carlos(violão e voz) e Renato Yervant(gaita) e a inusitada abertura com música barroca: Marget no violino e Heleno Galante na cromática.

Gaita-BH: o pessoal tem algum ponto de encontro, dia, fixo, com o qual regularmente se encontram?


Rodrigo Morenno: não temos point nem dia fixo, os encontros ocorrem de agito, no máximo a cada 3 meses.

Gaita-BH: acho que vou deixar vc seguir a cronologia... julho de 2002, primeiro BBF (baixada blues festival?). e depois...


Rodrigo Morenno: Não tenho essa memória toda, é que estou seguindo as fotos :) Antes do primeiro BBF fomos a tudo qto é show para já divulgarmos nosso primeiro evento. Já tinhamos a camisa com alogo criada por Paulinho e página na net que eu fiz.

Gaita-BH: como era a divulgação de vcs? vcs iam a shows de blues e faziam no boca-boca mesmo?


Rodrigo Morenno: Neste primeiro BBF estiveram presentes Chico Blues, Xixa Blues, Dalton, Semmler(se não em engano), Bresslau, bom uma boa turminha de gaitistas de SP e interior. A divulgação foi na raça, boca a boca, panfletos. O grande destaque em divulgação é a Lu Vaz que conseguiu notas em jornais programas de TV. Ainda não fizemos um workshop(apesar da intenção), sempre rola mil canjas nos encontros e eventos.

Gaita-BH: e como funciona a dinâmica do gaita-bs? tem um núcleo, uma diretoria? o pessoal se sente à vontade quando entra no gaita-bs?

Rodrigo Morenno: Após o primeiro BBF a lista pela net cresceu bastante e em dezembro de 2002 fizemos um encontro no bar Latitude 23, com a presença de umas 30 pessoas, Ivan márcio no palco, V8 Blues Band do gaitista Beto Rabelo(guarujá) além de mil canjas. O pessoal tem liberdade total, aceitamos que falem de assuntos pessoais na lista, nunca precisei pedir p/ evitar algum tipo de assunto, mas quem lidera os agitos são os fundadores eu, Paulinho e Lu Vaz. È uma coisa que tento evitar, quero que todos tomem iniciativa, também não quero que o grupo fique somente restrito ao povo da baixada, o bom é como ocorre hj que tem muita gente de todo brasil presente. Gaita-BS é mais uma família, mais amizade, diferente do Gaita-L que até devido ao seu tamanho é super específico.

Gaita-BH: vc falou de bandas não profissionais. o legal do espaço do site do gaita-bh é justamente dar uma força para quem ainda não entrou no circuito. quais são as bandas de blues ou trabalhos que abrigam os gaitistas do gaita-bs, ou que simplesmente o pessoal gosta de ir?

Rodrigo Morenno: Bom, temos uma turma do guarujá que de formação em formação hj está assim, Caverna Bluseira(sem gaitista) Banda do Beto Rabelo (gaitista) e já ouvi comentar de mais uma banda por lá, em santos de blues, pasme... conheço somente a Dr Blues e os enfermos (paulinho ), eu dou canjas com uma banda de rock Banda Delider, existe um grupo de gaitistas de cromática (que nunca ouvi). Todo show que vou, sempre encontro um cara novo com gaita. Costumamos ir ao radio City café que traz boa música e onde o paulinho agitou o projeto sexta blues que durou 2 meses e trouxe a santos melk rocha, los mocambos, prado, caverna bluseira al´me da sua banda Dr. Blues ( o projeto sexta blues ocorreu em março e abril deste ano). Bar do Sesc também traz bons shows nas quintas feiras com o projeto sol maior e também prestigiamos os shows em SP, geralmente no MR. BLues. Em 02 de agosto de 2003 fizemos o segundo BBF que levou 7 Bandas de Blues e foi realizado no salão do clube sírio libanês, lotou é claro :) Prado Blues band fez o show de lançamento do primeiro Cd de jump Blues do Brasil e encerrou o evento, que desta vez se iniciou com Heleno Galante dando uma palestra musical super sapiente sobre gaitas, tipos e sons... a festa seguiu com a banda do Xixa Blues que despencou de bragança paulista p/ cá, A twice blues, com Jose Carlos no violão e voz e Renato Yervant na gaita, V8 Blues band com Beto Rabelo e Paulinho e destaque para o trio do Melk rocha que mandou muito! mais de 400 pessoas com certeza, é um salão enorme porém não tinha mais onde sentar. BBF2 (2003) também teve exposição de fotos do gaita-bs e o artista plástico Serginho Keierme de Registro(vale do ribeira, sul do estado) expondo suas obras e fazendo-as na hora, espatulados somente sobre o tema música ! BBF2 teve som de melhor qualidade, melhor espaço e nehuma confusão. Tivemso apoio da Fega empresa de segurança, gaitas Kashima, Supritec copiadoras (minha) além de todo apoio da imprensa.

Gaita-BH: gaitas kashima?????


Rodrigo Morenno: São importadas pela casio iguais as jambone e outra chinesas. Entre bbf2 e bbf3 (2004) rolou o projeto sexta blues no radio city café conforme comentei, BBF 3 foi no mesmo local, tão cheio qto. As apresentações começaram com Heleno Galante com mais uma palestra musical sobre a origem do blues que encerrou com o hino nacional na diatônica, q arrancou muitos aplausos. seguiu a festa com a Twice Blues Zé Carlos e Renato Yervant, Melk Rocha e dupla, Dr Blues e os Enfermos e encerrou com a Los Mocambos, de final ainda rolou uma canja da banda de rock clássico Delider, onde toco às vezes.

Gaita-BH: e hoje em dia como está a situação do gaita-bs? por exemplo, uma coisa legal do gaita-bh foi que quando começou, muita gente tava começando tb, e a gente pôde ir vendo o pessoal evoluir, procurar canjas, espaços, bandas e todo mundo meio que se ajudou de alguma forma. isso rola no gaita-bs tb?


Rodrigo Morenno: Gaita-BS hoje tem uns 90 membros na lista, chegamos a torcar mais de 150 emails por mês, é o segundo maior grupo virtual do Brasil. Agregamos diversos amigos q não são músicos, músicos de outros instrumentos, moto clubes, namoradas, curiosos etc. As maiores realizações são os BBF´s, eu pessoalmente procuro sempre resgatar o espírito de familia e amizade, realizei recentemente um churrasco que vc pode conferir fotos e mp3´s na net. Todo mundo se motiva e aprende muito a tocar, Twice Blues gravou Cd, Dr blues também, a Prado Brothers virou Prado Blues Band e tb gravou o seu, todo mundo aprende uma técnica nova com o outro, trocamos cd´s e informações. Posso destacar o Xandão como grande estudioso da Turma, que evoluiu muito e é hj um dos líderes e maior interessado no estudo. Volta e meia pinta uma máteira em jornal, site, acredito que a divulgação em mídia conseguida pela Lu VAz é impressionante, e vale destacar que apesar dela gostar muiiiito e ter gaita, não toca :) Como eu que agito agito e nunca estudo, apesar dos 4 anos com gaita no bolso ainda sou um iniciante básico no estudo.

Gaita-BH: o que o pessoal do gaita-bs está tramando para o resto de 2004 e 2005? ;-)


Rodrigo Morenno: 2004 após o BBF 3 e o último churrasco, esperamos concentrar forças no evento de fim de ano (tomara q seja o lançamento do CD)

Gaita-BH: alguma mensagem que vc gostaria de passar pro pessoal que for ler esta entrevista?

Rodrigo Morenno: Está em nossos planos um evento Gospel, um evento de gaita, sem Blues, até uma apresentação de músicas de natal... porém são só idéias. 2005, pretendo realizar os reuniões a cad 2, 3 meses pq é onde a turma conversa, toca à vontade, onde surge as amizades. Quem sabe um BBF4 em novos moldes, mais viável financeiramente. Olha kenji pessoalmente p/ vc gostaria de dizer que considero o gaita-bs a maior realização empreendedora da minha vida. para a turma que ler a entrevista gostaria de destacar que nós somos capazes de realizar muito, temos que ter iniciativa, acreditar, assumir os riscos, sempre com intenções virtuosas, baseadas nos valores nobres de amizade e união, estudar, tocar e compartilhar oq sabe. viajei :)

Gaita-BH: viajou nada. eu que vou viajar pra santos no fim do ano ;-)

O Portal Gaita-BH agradece a colaboração de Rodrigo Morenno e lembra que estamos providenciando o evento de lançamento do CD do Gaita-L 2004 na Baixada Santista em Dezembro deste ano. Aguardem!

Conheça a Fábrica da Seydel Söhne

[publicado no Portal Gaita-BH em Março de 2004]

Aproveitando a matéria do mês passado do Kenji sobre a visita a Fábrica da Hering, nesta edição falarei sobre a visita que eu e a Clara fizemos na fábrica de gaitas da Seydel Söhne em Klingenthal, Alemanha. A visita ocorreu em Setembro de 2002 durante o Festival de Gaita promovido pela própria Seydel e pela prefeitura, que tenta recuperar o prestígio da cidade no passado, quando era referência mundial na fabricação de instrumentos musicais

Klingental é uma pequena cidade na Fronteira com República Tcheca (dá pra ir à pé, é só cruzar uma cerquinha!), e fazia parte da antiga Alemanha oriental. Ela concentra-se ao longo de 10km da rodovia estadual que corta a cidade e tem alguns poucos kms de largura. A visita ocorreu no segundo dia do festival. O prédio por fora lembra uma fábrica dos anos 60 abandonada cheio de rachaduras e carente de pintura, além de muito cinza e concreto, características marcantes das construções nos tempos da cortina de ferro.

Fomos recebidos por um dos irmãos Seydel, que nos conta que a Seydel Söhne sempre foi uma empresa familiar desde sua fundação, em 1847. Ela é a fábrica de gaita mais antiga do mundo em funcionamento. Perguntei se ela sempre funcionou neste prédio e ele disse que sim, mas ocorreram algumas reformas em relação ao que era. A Fábrica trabalhou neste dia com poucos funcionários e apenas simbolicamente para a apreciação dos visitantes. Estes por sinal, tinham uma média de 50 a 60 anos. Foi um espanto para nós vermos tantos senhores e senhoras gaitistas e também para eles. Ao longo da visita, percebemos que eles tinham preferência pelos modelos de harmonicas que não são muito utilizados aqui no Brasil, exceto pelas orquestras do gênero, além de trios, quartetos, etc.

Descemos uma escada para conhecer a primeira etapa do processo: a confecção das placas de cobertura, ou armadura. Eles ainda conservam as máquinas em que se cortava e prensava a placa manualmente. Algumas décadas depois, com a Revolução Industrial, surgiram máquinas maiores e mais rápidas movidas por um imenso conjunto de correias e polias que vinha de uma máquina à vapor, cuja caldeira ainda conservada alcança os três andares do prédio. Anos mais tarde, motores elétricos foram colocados em cada máquina e as correias e a máquina à vapor foram aposentadas. Essas mesmas máquinas são usadas até hoje e vão muito bem, por isso, pode-se dizer que esta fábrica é um museu vivo da história do processo de fabricação da gaita. Mas chega de histórias, voltemos as gaitas. Nesta mesma sala é feita a placa de vozes num processo semelhante: uma prensa com a forma da placa de vozes é aplicada ao metal, formando os sulcos onde as palhetas serão posteriormente rebitadas.

O segundo andar é a administração da fábrica. Lá também tem uma sala com o mostruário da fábrica, com muitas gaitas interessantes, dentre elas, a maior harmoneta do mundo. Lá também estava a tão comentada Favorit, o lançamento e xodó da fábrica. Ela lembra muito a série masterclass da Suzuki e tem uma capinha de couro bonitinha. Quanto ao som, não posso comentar porque não experimentei tocá-la.

No terceiro andar fica uma sala onde as palhetas são feitas e testadas. Uma placa retangular é empurrada por baixo de uma prensa cujo o cabeçote tem o formato da palheta. Para cada nota, um cabeçote diferente. A placa deve ser empurrada em uma velocidade rápida e constante para que dois furos não sejam feitos no mesmo lugar da placa. Deve-se ter cuidado também com o dedo. De cada lote, algumas palhetas são testadas em uma engnhoca e, quando aprovado, são colocadas num saquinho de papel enrolado com barbante e vão para a sala ao lado onde a gaita finalmente será montada.

A próxima etapa é a fixação das palhetas na placa de vozes com rebites. Em seguida a placa é afinada de ouvido com a ajuda de um afinador que ajuda a comparar o som desta com uma placa de vozes na afinação desejada. Esta é uma fase que exige silêncio absoluto. Para os outros que trabalham na mesma sala a sequência de dó-ré-mis ao longo do dia é de deixar qualquer um ou louco ou com ouvido absoluto.

O alinhamento das palhetas na placa de vozes é feito contra a luz. As válvulas, quando necessárias, são cuidadosamente coladas. Por fim, as peças são montadas resultando no produto que conhecemos

Links:
http://www.c-a-seydel.com/

(Mário Valle é gaitista e participou do primeiro CD do Gaita-L. Veio de Manaus para Belo Horizonte, onde cursa a graduação em Engenharia Elétrica no CEFET. Morou alguns meses na Alemanha, onde trabalhou na Siemens e mantém o portal de dicas turísticas sobre a Alemanha, o Destino Alemanha)

Uma técnica BENDifícil

[publicado no Portal Gaita-BH em Março de 2004]

Se tem uma coisa que eu insisto em dizer é que o bend é uma técnica de nível avançado na gaita. Apesar da popularidade desta técnica em meio aos iniciantes e a gaitistas de nível intermediário, poucos executam esta técnica de forma extremamente precisa, o que se faz necessário em muitos casos na execução de temas, o que não implica temas complexos, tendo em vista que muitos casos de execução de músicas em outras tonalidades requer apenas um bend que atinja o sexto grau (nota A em uma gaita em C). O grande problema do bend está no seu maior mérito, a sua aplicação no blues.

Não estou aqui para julgar, mas para ao menos relatar o que presencio sempre, onde o bend é tratado como uma ferramenta de efeito para a execução do blues. O efeito da blue note para a música ocidental e a particularidade com que a harmônica executa esse tipo de nota é inegável, considerando inclusive que para muitos teoóricos a blue note não está representada em um intervalo claro de semitom, como por exemplo a quarta aumentada, e sim no meio do caminho entre o intervalo de quarta e quinta justa. Neste ponto temos o “x” da questão, a não necessidade de precisão absoluta na execução das blue notes torna essa técnica para o blues um pouco menos difícil. Mas e no caso de execuções complexas e articulações em orifícios com mais de um semiton executados com bend? É preciso muito estudo para se chegar as notas de forma afinada e com um bom timbre, sem contar o treino de diafragma e vibrato gutural para a execução de figuras rítmicas difíceis.

Um bom auxílio para a melhoria na precisão dos bends está no estudo direto da afinação de tais notas usando como referência o piano ou então um afinador eletrônico, e juntamente com isso utilizar gaitas que trabalhem a região grave, melhorando assim a capacidade de respiração e técnica nos bends.

Todo material que já pude estudar e que tratava do assunto dos bends de forma mais aprofundada trazia a nessecidade da articulação silábica sobre as notas do bend. A pronúncia do “Q” de forma a produzir uma nota mais martelada ao mesmo tempo que se executa o bend mostra-se interessante no sentido da precisão e também articulação, que quando associado ao estudo de afinação vem a melhorar muito a execução de frases complexas (exemplo: parte B do standart de jazz “Take Five”).

O gaitista Richard Hunter lançou um desafio no qual a linha melódica da Nona Sinfonia de Beethoven em segunda posição de forma que o bend que deveria ser executado (Sexta maior) não soassem como um bend. Poucos gaitistas chegaram em bons resultados, e ainda assim era possível reconhecer a nota executada com bend. Esse desafio me deixou intrigado com a questão do timbre real do bend. Será que o bend tem um timbre especifico? E se tiver será que é possivel alterá-lo? Diante de tudo que já escutei acredito que esse seja um dos pontos importantes em relação ao bend, pois aparentemente um bend vai sempre soar como tal, independente de sua afinação.

Cada vez mais a gaita diatônica expande seus horizontes e pede cada vez mais por melhorias em sua estrutura, vejo como passo importante o estudo aprofundado o bend para o grande avanço do gaitista.

Dicas: Talvez elas sejam óbvias, no entanto vejo como um recurso bem interessante

1 – Ao estudar o bend, segure ele pelo maior tempo possível afinado, tentando também manter o timbre do mesmo.
2 – Respire pelo diafragma e evite perda de ar pelo nariz
3 – Treine a articulação de bends em orifícios como o 2, 3 e 10, executando eles sequencialmente, utilizando o recurso da pronúncia silábica.

Exercícios:
(2a 2a´ 2a´´ 2a´ 2a ...) (2a´ 2a´´ 2a´ 2a´´ 2a´ ...) (2s 2a´ 2s 2a´´ 2s...) (2s 2a´ 2a´´ 2a´ 2s...)

(3a 3a´ 3a´´ 3a´´´ 3a´´ 3a´ 3a ...) (3s 3a´ 3s 3a´´ 3s 3a´´´ 3s ...) (3a´ 3a´´ 3a´ 3a´´ 3a´´ 3a´ ...) (3a´´ 3a´´´ 3a´´ 3a´´´ 3a´´ ...) (3a´ 3a´´´ 3a´ 3a´´´ 3a´ ...)

Executar se possível usando um afinador ou juntamente com o piano



Rodrigo Eisinger

(Rodrigo Eisinger encostou numa gaita pela primeira vez em 97. Começou a fazer Física na UFSCar mas percebeu que levava mais jeito prá música que prá Física, então hoje estuda Música Popular na Unicamp, tocando bastante cromática por lá. Gosta de ritmos nordestinos, Jazz, Blues, Erudito, música Celta, Árabe e Indiana. Curte Levy, del Junco, Weltman, Power, Harper, Galison, Toots e Little Walter)

Portal Gaita-BH entrevista Helton Ribeiro

[publicado no Portal Gaita-BH em Março de 2004]

A entrevista desta edição é com Helton Ribeiro, jornalista e editor responsável pela revista Blues And Jazz, referência nacional no gênero.

(GBH) Quem é o Helton Ribeiro?

(HR) Jornalista fluminense, formado em Minas e morando em São Paulo. Trabalhei nos jornais O Globo, Jornal do Brasil, Diário Popular (atual Diário de S. Paulo), no programa Metrópolis (TV Cultura), fui colaborador da Bizz e atualmente sou colaborador da Bravo! e da agência de notícias Reuters. Ah, claro, e editor da Blues'n'Jazz nas horas vagas.

Depois de fazer de tudo no jornalismo (de polícia a política, de futebol a ciência), fui deslocado a contragosto para a cobertura de cultura e variedades no Globo, em 92, suprindo uma colega que entrou de férias. Até então minha paixão pela música era só hobby, eu não me imaginava trabalhando com isso. Mas a sina estava traçada: nunca mais saí do jornalismo cultural.

(GBH) Como vc se envolveu com a revista Blues and Jazz?

(HR) O violonista americano Steve James, na época totalmente desconhecido no Brasil, veio tocar no Bourbon Street, em São Paulo, há uns oito anos. O show foi espetacular mas, como não saiu nada na imprensa, estava vazio. Eu mesmo quase não fui. Fiquei pensando: "Pouca gente paga pra ver um show internacional de um artista que nunca ouviu falar. Se tivesse uma revista de blues no Brasil as pessoas saberiam quem é ele". Bem, como sou jornalista...
Alguns anos depois tive a satisfação de vê-lo de novo em shows lotados no Bourbon, e também de dar uma capa pra ele.

(GBH) Vc acompanhou uma boa parte da história do blues no brasil. Quais as suas impressões sobre os gaitistas que surgiram?

(HR) No começo o único gaitista conhecido era o Flávio Guimarães, blues era sinônimo de guitarra. Mas nos últimos cinco anos houve um "boom" de gaitistas, blues virou sinônimo de gaita, todo mundo quer aprender a tocá-la. Surgiu uma nova geração entusiástica aprendendo e descobrindo o trabalho de gente que já ralava há bastante tempo, como Jefferson Gonçalves, Sérgio Duarte, Robson Fernandes e muitos outros. Hoje estes caras estão tocando nos festivais e mostrando o talento que têm.

(GBH) Como está o cenário brasileiro para os gaitistas de jazz e blues atualmente na sua opinião?


(HR) Como sempre, difícil. Não há muitos lugares onde tocar e raramente se conseguem cachês decentes. Em São Paulo há dezenas de bandas e apenas dois ou três bares com blues. O Rio, nem isso tem. Então os músicos das capitais estão indo tocar no interior, enquanto os músicos do interior têm a ilusão de que a salvação é tocar em São Paulo. Acredito que a tendência é a descentralização. Vejo músicos de cidades pequenas como Poços de Caldas (MG) ganhando cachês na sua região que nenhum bar de São Paulo pagaria. Porto Alegre, Brasília e Recife são capitais que também vêm garantindo espaço a seus músicos.

O mercado fonográfico está se ampliando um pouco, com pelo menos três selos de blues em atividade: Blues Time, TopCat (ambas do Rio) e Blues Associados, em São Paulo. E por fora tem os CDs do Gaita-L, dando espaço a todo mundo.

(GBH) Depois de ter acompanhado o surgimento de novos gaitistas brasileiros, qual vc acha o caminho mais promissor para a gaita no brasil? os gaitistas devem insistir em revisitar estilos clássicos de chicago, delta blues e californiano, ou devem partir para experimentalismos?


(HR) Hoje todo mundo quer tocar como os virtuoses da Califórnia, e acho que em pouco tempo isso vai saturar, vai acabar todo mundo tocando igual. Acho que muita gente está esquecendo de fazer o dever de casa, quase ninguém se interessa por Delta Blues, por exemplo; a impressão que dá é que a gaita surgiu com Sonny Boy ou Little Walter. Mas, salvo poucas exceções, acho que o futuro do blues no Brasil é a mistura com nossos ritmos e nossa língua. Quem ainda torce o nariz pode ouvir o CD solo do Jefferson, "Gréia", e dar o braço a torcer.

(GBH) Qual o seu conselho para o gaitista que quer se iniciar na carreira de músico? Qual a atitude que as bandas deveriam ter para progredir no mercado brasileiro?

(HR) Para a nova geração, lembro sempre o conselho que os gaitistas mais experientes também dão: evitem o excesso, tocar dez notas quando uma basta, mostrar técnica sem sentimento. Blues não é corrida de Fórmula 1 nem torneio de acrobacias.

E por melhores que sejam os músicos, poucos conseguem crescer sem profissionalismo. Já passou aquela fase de "blues é só subir no palco e mandar ver". Precisa ensaiar muito, ter postura de palco, um set list dinâmico, empatia com o público. Para a maioria das pessoas (estou falando do ponto de vista do público), o melhor músico do mundo vira um chato de galocha se só tocar slow blues, ou fazer solos quilométricos em todas as músicas, ou parar o show toda hora pra combinar com a banda que música vão tocar a seguir. Vejo que os músicos preocupam-se muito mais em tocar bem do que em fazer um show para divertir o público, sendo que as duas coisas são igualmente importantes. Outra falha: o músico que se esfola pra ser o melhor no seu instrumento mas esquece de se dedicar com o mesmo empenho ao vocal. Aí ele ganha alunos mas não conquista o público, que dá muita importância a um bom vocalista.
No mais, é ter muita paciência e perseverança, porque o caminho é longo e árido. No blues, uma banda com cinco anos de estrada ainda é considerada iniciante; no rock, seria veterana.

O Portal Gaita-BH agradece a colaboração de Helton Ribeiro e aproveita para avisar seus leitores que a Revista Blues And Jazz também tem site: http://bluesnjazz.bluesbr.com/bluesbr.php

Conheça a Fábrica da Hering

[publicado no Portal Gaita-BH em Janeiro de 2004]

Assim como toda religião tem algum tipo de peregrinação, o gaitista brasileiro também precisa conhecer a fábrica da Hering. Em Dezembro de 2003, eu fui finalmente conhecer a fábrica da Hering em Blumenau, Santa Catarina.

O primeiro passo era, evidentemente, tentar agendar com certa antecedência a data da visita, pois apesar de toda a boa vontade que o pessoal da Hering dispensa aos seus visitantes, a fábrica não pode parar sua produção só para colocar um funcionário à disposição do visitante para o tour dentro da fábrica.

Assim, entrei em contato com o Benevides Jr. (veja a entrevista desta edição), que estava em Florianópolis para um show na John Bull, e perguntei qual era o caminho das pedras para conhecer a Hering. Lógico que eu já tinha combinado isso com ele 15 dias antes de viajar para Santa Catarina. Felizmente, ele precisaria ir à fábrica e poderia ir lá comigo.

Cheguei na fábrica em pleno clima de fim-de-ano, quando os pedidos são mais intensos e uma semana antes das férias coletivas. A fábrica a todo vapor. A Hering consiste em 3 grandes galpões e uma casa onde funciona o administrativo. No administrativo, que tem dois andares. Lá ficam expostas dezenas de gaitas-chaveiro e as gaitas mais importantes da Hering num expositor. E fiquei conhecendo finalmente a Nadine, que normalmente é o primeiro contato do gaitista com a Hering.

Então começou a visita propriamente dita, Benevides de cicerone. Entrando pelo galpão do meio, está a afinação de diatônicas e o processo de montagem e embalagem da Hering. Lembrando que a Hering não faz apenas gaitas, mas também faz suportes para teclados, cavaletes de partituras, guitarras, flautas doces, contrabaixos e mais uma gama de produtos, embora a gaita continue sendo o principal produto da fábrica. As gaitas diatônicas da Hering são afinadas manualmente, uma por uma, três vezes, seja o lote para exportação ou não.

Mais à frente está o setor de montagem e embalagem, onde diversas pessoas montam as gaitas, colocando as palhetas, conferindo o offset e o alinhamento das palhetas. Algumas máquinas, como a máquina de colocar rebites nas palhetas, operada por um pedal, são um verdadeiro sonho de consumo dos gaitistas que fazem manutenção e troca de palhetas.

A visita continua, agora para o primeiro galpão, onde ficam as máquinas pesadas, importadas da Alemanha, que fazem a maior parte do processo de construir o que interessa: as placas de vozes. O galpão é bem grande e você pode ver todas as etapas do processo, do corte do latão à produção das palhetas, o corte das placas de vozes e prensagem das armaduras. Inclusive, pude ver o protótipo do próximo lançamento da Hering, a cromática de 40 vozes, que deve trazer mais munição aos gaitistas.

Logo em seguida, entramos num setor separado onde fica o filé da Hering: as cromáticas. O processo de montagem e afinação é coordenada pelo Valdeci. O processo, todo manual, ainda conta com a ajuda de um aparelho afinador que é uma verdadeira antiguidade, mas que como muitas antiguidades, funciona muito melhor que os afinadores eletrônicos atuais.

Voltamos então ao galpão do meio para conhecer as máquinas de beneficiamento de plástico, que fazem desde os corpos de plástico e acrílico das gaitas às peças mais genéricas dos cavaletes e flautas doces. No fundo deste galpão, funciona a oficina onde são montadas e pintadas as guitarras e contrabaixos da Hering, o mais novo filão de mercado que a empresa está explorando.

Passamos então para o terceiro galpão, a marcenaria, onde são feitos tanto os corpos das guitarras e baixos como os corpos de madeira das gaitas da Hering.

Ao final da visita, ainda tive a cara-de-pau de pedir para a Nadine algum material promocional da Hering (posters, catálogos), rebites e borrachinhas de cromática, que me foram cedidos com toda gentileza.

Em seguida, ainda emendei um almoço com o Bené, onde batemos um longo papo e onde discutimos um monte de coisas sobre a Hering, a Gaita, a Música, que realmente foi muito interessante. É sempre bom ouvir o ponto de vista de quem está do lado da fábrica.

Minhas conclusões sobre a visita? Primeiro, gostei muito do pessoal da Hering. As pessoas são amáveis e gentis (pelo menos foram comigo) e dão duro, tiram água da pedra para fazer as gaitas. A visita te faz respeitar mais o trabalho daquelas pessoas. Segundo, a Hering não era tão pequena quanto eu imaginava. Terceiro, o gaitista precisa sempre exigir mais qualidade das gaitas, pois toda empresa precisa de feedback dos clientes, mas o gaitista precisa tomar cuidado ao reclamar. Saber sugerir melhorias e enviar reclamações é fundamental. São pessoas que estão lá, te ouvindo. Quarto, se você é gaitista, não deixe de visitar a Hering, pelo menos uma vez na vida. Eu me senti na fantástica fábrica de chocolates...

Links:
http://www.heringharmonicas.com.br/index.html

Portal Gaita-BH entrevista Benevides Jr

[publicado no Portal Gaita-BH em Janeiro de 2004]

A entrevista desta edição é Benevides Jr., gaitista da Trupe da Gaita, do Mister Jack e de mais alguns projetos, escreveu um dos primeiros métodos de gaita diatônica do Brasil e auxilia a Hering a fazer gaitas melhores.

(GBH) Quem é Benevides Jr por Benevides Jr?

(Bené) A minha história na música não tem nada de diferente ou glamouroso. Eu comecei muito tarde, aos 17 anos, por ocasião de um furto de uma Super 20 nas Lojas Americanas. Como 90% dos adolescentes naquela época, essas “visitas” à loja de departamentos sempre eram acompanhadas de um pequeno delito.

Como eu costumava acampar na Serra do Mar no meu estado (Paraná), um belo dia resolvi levar minha gaitinha e tentar alguns acordes mesmo sem saber absolutamente nada. Na beira da fogueira, com alguns copos de vinho barato na cabeça comecei a tentar arranhar algo quando um amigo fez aquela clássica pergunta: “Benê, você gosta de tocar sua gaitinha ?”, eu prontamente respondi, “Sim, claro”.... Aí segue a segunda parte que já é conhecida de todos os amantes de piada, “Então porque você não aprende ?”...

Bom, passada as risadas e o acampamento, resolvi chegar em Curitiba e procurar por um professor. O mais engraçado disso é que mesmo morando na cidade onde existe a única Orquestra de gaitas do Brasil, demorei alguns meses pra descobrir a “sede” da Orquestra. Feita a primeira conversa com o professor Partika, comecei minha primeira aula, em 1991. Infelizmente, tive apenas uma aula. O professor em questão tinha problemas de ordem etílica e havia sido internado pela enésima vez e eu, fiquei com 3 aulas em haver e quase desisti por isso.

Foi então que lá estava eu, no Solar do Barão, local onde eu deveria ter as aulas e sede da Orquestra, esperando o sumido professor, quando o Ulysses Cazallas me pergunta: “Faz 3 semanas que vejo você aqui com a gaita no bolso, o que você procura ?”. Foi quando contei sobre o ocorrido e o professor Ulysses me convidou para ir à sua casa e começar as aulas. Estudei um ano com muita dedicação e empenho, aprendendo simultâneamente, leitura musical, teoria, e prática de instrumento.

Nesse tempo eu ainda trabalhava como programador de computador no Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná – SENGE/PR e reservava minhas horas de folga exclusivamente para o estudo da harmônica. O progresso foi tão satisfatório que no ano seguinte o Ulysses me apresentou ao então solista, coordenador e fundador da Orquestra, Ronald Silva, que me convidou a fazer um estágio na orquestra como dobra do baixo.

Até então eu ainda não tinha tocado com ninguém e nessa mesma época, 1992, conheci o meu parceiro de banda, Marcelo Ricciardi, e começamos a tocar alguns blues na esquina de casa. Tudo o que aprendi na diatônica e no blues eu devo aos discos de blues, em especial, ao cd do Little Walter “Blues with Feeling” que escutei zilhões de vezes. Também fiquei fissurado no disco do Blues Etílicos “Água Mineral” que foi meu passatempo durante alguns meses pois tentava copiar tudo que o Flávio fazia naquele disco. No ano seguinte, eu e o Marcelo fundamos a banda juntamente com o irmão do Marcelo, André Ricciardi e o baixista Mauro Sérgio Vianna “Jabá”.

Paralelamente eu levava ambos os grupos e meu crescimento musical foi muito rápido e conciso. Posso dizer que aprendi 2 escolas bem diferentes que forjaram meu estilo, a seriedade e intelectualidade da Orquestra juntamente com o improviso e a informalidade de uma banda de garotos.

O resto, foi acontecendo de maneira natural e desde 1993 que eu me dedico única e exclusivamente à música, em especial, à harmônica de boca.


(GBH) Conte um pouco sobre a sua experiência com a OMB

(Bené) Minha primeira impressão da OMB foi quando tive de fazer o teste para tirar a famosa Carteira de Músico. A forma do teste era vergonhosa. Um velho caduco pedia pra bater num pandeiro, responder meia dúzia de perguntas teóricas (com direito a consulta) e tocar qualquer melodia infantil no instrumento. Pronto, eu já estava “enquadrado” como músico profissional, juridicamente no mesmo nível de Tom Jobim, Waldyr Azevedo ou Altamiro Carrilho.

Foi quando vi que aquele órgão era apenas um caça-níqueis dos já sofridos músicos brasileiros. Nunca ajudou a organizar a classe, a definir valores dignos de cachê, a fiscalizar os locais e condições de trabalho, etc... Por isso tudo que em 1998, juntamente com o pessoal do Mister Jack, entrei com um dos primeiros processos no Brasil contra a Ordem e a abusiva obrigatoriedade do registro de músico. A principal alegação do nosso advogado é que a profissão de músico não necessita de uma regulamentação especial pois nosso ofício não coloca em risco a vida das pessoas, diferentemente de um advogado, médico ou engenheiro civil.

O processo, como não poderia deixar de ser, continua na Justiça após 800 mil recursos de ambas as partes.

(GBH) Conte um pouco sobre a sua relação com a Hering. Qual o tipo de auxílio que vc presta à fábrica?

(Bené) Minha relação com a Hering começou em 1994 quando visitei o então gerente de produtos, Sr. Laurentino, que estava interessado em expandir os modelos de harmônica diatônica da Hering. Até então, a fábrica possui apenas o modelo Super 20 (feito em corpo de madeira). Começamos a comprar e testar diversos modelos de todo o mundo e após alguns meses de testes, lançamos a Master Blues, uma gaita inovadora pois possuia uma estrutura muito mais resistente e de fácil manutenção. Os preguinhos e corpo de madeira foram substituídos pelos parafusos e o corpo de madeira pelo de plástico injetado.

Eu sempre mantive minha posição na Hering como piloto de testes e nunca como um técnico ou perito em materiais. Minha ajuda sempre partiu como uma voz entre os músicos que precisam de instrumentos de qualidade e acredito que a minha contribuição gerou frutos pois hoje, a fábrica conta com dezenas de modelos e acessórios.

Sempre que possível, visito a fábrica em Blumenau e acompanho tudo que se relaciona as harmônicas. Escrevi diversos folhetos e explicativos, desenvolvi afinações especiais para os modelos top de linha, pesquisei nomes para novos modelos, dei alguns cursos para os funcionários, enfim, procuro fazer tudo que esteja ao meu alcance pra garantir que a Hering possa continuar fabricando a matéria-prima de quem vive e toca harmônica.

(GBH) Qual a postura mais construtiva que o gaitista pode ter para enviar reclamações e sugestões à fábrica?


(Bené) O maior problema é que pouquíssimos gaitistas tem conhecimento ou experiência para fazer essas reclamações ou sugestões com propriedade. Por exemplo, a fábrica recebe reclamações de gaitas que não tocam determinada nota. Pois bem, o sujeito manda a gaita pra ser trocada e ao verificarem o problema, nota-se que existe um fiapo de algodão na gaita porque o cara guardou no bolso da calça. Imagine por aí, quais são as sugestões... Esses dias um gringo exigiu que a fábrica construísse um modelo novo com afinação whole-tune (tons inteiros) porque ele toca com uma dessas. Por favor, isso é muito pessoal e deve ser feito sob-medida e nunca em linha de série.

Acredito que o ideal seria fazer essas sugestões ou reclamações levando em conta que a fábrica produz milhares de modelos e tons diferentes buscando atingir os mais diversos tipos de consumidor, desde o profissional até o que compra a gaita pra dar de presente pro filho de 2 anos. O egoísmo de algumas sugestões é que deve ser colocado de lado em detrimento da melhora do produto como um todo.

Outro fator fundamental é que os lojistas precisam ser questionados também pois poucos se interessam em conhecer melhor sobre o produto e consequentemente oferecer mais diversidade de modelos e tons para o cliente final.

(GBH) Além do trabalho no misterjack, você também participa da trupe da gaita e da orquestra de harmonicas de curitiba. O que levou Curitiba a produzir tamanha variedade de produções culturais relacionadas à gaita? Foi a somatória de esforços pessoais ou a cidade ofereceu alguma estrutura que contribuísse para isso?

(Bené) Foi exclusivamente a batalha e suor de pessoas comuns. Com exceção de algumas esmolas dadas pelo governo municipal e estadual, a cultura da gaita em Curitiba sempre deve ser atribuída a pessoas como o Ronald Silva que dedicou a vida ao instrumento. Como eu disse no começo, fiquei quase um ano pra saber que existia uma Orquestra em Curitiba. Hoje a situação não é diferente. Pouquíssimas pessoas conhecem esses grupos na cidade.

(GBH) Quais são os nomes da gaita nacional que precisam ser lembrados e evidenciados no portal gaita-bh?


(Bené) Antes, gostaria de agradecer pela oportunidade e me desculpar pela falta de brevidade ou confusão mental nas respostas pois o trabalho de resumir estórias é difícil pra mim.

Respondendo à pergunta, acho que devemos lembrar e valorizar todos àqueles que realmente trazem alguma contribuição musical ao nosso instrumento. Hoje, vemos que os jovens gaitistas estão deixando de ficar bitolados no blues e abrindo a mente para outros gêneros musicais.

Uma nova safra de gaitistas como Gabriel Grossi, Thiago Cerveira, Vasco Faé, Rodrigo Eberienos, Victor Lopes, estão mostrando aos jovens músicos que a gaita é maior do que o blues.

Também nunca podemos esquecer e prestigiar de verdade os gaitistas da velha-guarda como Ronald Silva, Maurício Einhorn, Rildo Hora, Fred Williams, Edú da Gaita e tantos outros.

O Portal Gaita-BH agradece a colaboração de Benevides Jr. e aguarda por mais shows dele em nossa terrinha. Mais informações sobre Benevides Jr.

http://www.misterjack.com.br/

Novidades no cenário da música instrumental brasileira (A gaita cromática em evidencia)

[publicado no Portal Gaita-BH em Dezembro de 2003]

A música instrumental brasileira é praticamente um oceano de talentos e ilustres desconhecidos, que hora ou outra acabam por emergir para o público como grandes referências e promessas de um mundo melhor para a nossa desgastada cena musical.

É bom saber que dentro desta cena temos músicos do nosso “grande” instrumento se destacando, se não para o público em geral, pelo menos para o público mais especifico, o que não limita as chances da grande massa de escutá-los, já que a qualidade está aí para todos.

As surpresas interessantes que eu tive foi Gabriel Grossi e Vítor Lopes, ambos gaitistas de cromática que lançaram trabalhos recentemente e que mostraram que não estão brincando quando o quesito é qualidade musical.

Conhecido dos amigos que estiveram no I Encontro Internacional de Gaitistas, Vítor Lopes mostra um ótimo trabalho com “Um Trio Vira-Lata”, recém apresentado e gravado no Instrumental SESC Brasil (aliás o SESC é a secretaria de cultura, pelo menos no estado de São Paulo, que qualquer cidade gostaria de ter). Uma ótima performance deste trio se apresentando ao vivo, com uma repertório de músicas próprias e regravações interessantes, como por exemplo “Corta-Jaca” de Chiquinha Gonzaga, pérolas musicais, onde Vítor não esconde o talento mostrado na Benedito Calixto, a praça do choro próxima à Vila Madalena, e que o gaitista homenageia na música “um passeio pela Benedito Calixto”, um ótimo choro, que me deixou com uma certa inveja, como em todas as músicas e os musicos que o acompanham... Grata surpresa ver esse nome ser citado por músicos como Alessandro Penezzi, grande nome do violão e da música instrumental e que está freqüentemente tocando no bar “Ó do Borogodó”, onde já soube que o Vítor já tocou.

IMPRESSIONANTE também, devo deixar bem claro, é o trabalho do gaitista de Brasília Gabriel Grossi, o qual tive a impressão que já apareceu brilhando, quando soube que participou do Prêmio Visa de Música Instrumental, surpreendendo muitos dos que não estão acostumados com a gaita em outros universos musicais. Elogiado pela crítica e por ótimos músicos e instrumentistas, valendo ressaltar o grande violonista e compositor Guinga, debutou em um cd recheado de grandes participações. “Diz que fui por aí” surpreende pela qualidade de gravação e ótimas músicas, onde temos o frevo “Os Curupiras” composição própria com participação de Hermeto Pascoal, “Quando Monk vir a Lobos” de autoria e participação do violonista Marco Pereira e Hamilton de Holanda na faixa “Viajando pelo Brasil” (Curti muito essa música, quem me dera tivesse tido a capacidade de tocar arranjar tão bem). Claro que existe muito mais neste Cd, mas deixo para vocês descobrirem (Como com o cd do Vítor) o quanto o cd é bom. Mas não posso esquecer de falar do choro Rebuliço de Hermeto Pascoal que é impressionante, tamanha a velocidade e complexidade deste tema.

Como informação técnica, posso dizer que choro e musica instrumental brasileira na gaita não é fácil e exige muito estudo e feeling, fator que não exclusivo da gaita diatônica e do blues, já que muitos dos casos tem como requisito não só ter uma boa leitura de partitura ou técnica, mas uma grande vivência musical, estando nas “rodas” de choro, tocando e errando também, o que é necessário. Se adaptar a tocar notas com a devida precisão, no tempo certo, fluência e controle e improvisar com propriedade em harmonias tão difíceis faz com que respeitemos cada vez mais tais gaitistas, estão aí os grandes nomes da cromática que não me deixam mentir.

Escrevo este texto na expectativa do III Encontro Internacional de Gaitistas, onde a ansiedade de ver o Mark Ford e por exemplo o Otávio Castro (que toca jazz na diatônica), sem deixar de me referir aos outros grandes gaitistas que vão estar tocando... Um ótimo presente de Natal antecipado.

Rodrigo Eisinger

(Rodrigo Eisinger encostou numa gaita pela primeira vez em 97. Começou a fazer Física na UFSCar mas percebeu que levava mais jeito prá música que prá Física, então hoje estuda Música Popular na Unicamp, tocando bastante cromática por lá. Gosta de ritmos nordestinos, Jazz, Blues, Erudito, música Celta, Árabe e Indiana. Curte Levy, del Junco, Weltman, Power, Harper, Galison, Toots e Little Walter)

Portal Gaita-BH entrevista Peter Madcat

[publicado no Portal Gaita-BH em Dezembro de 2003]

A entrevista desta edição é com Peter "Madcat" Ruth. Madcat é bem conhecido deste portal, que já publicou inclusive biografia sobre ele na edição 04. Também é bem conhecido dos palcos brasileiros desde o Nescafé & Blues até as recentes participações no trabalho de Jefferson Gonçalves e Big Joe Manfra no Blues & Etc.

Esta entrevista foi feita em Fevereiro de 2003.

(GBH) When was your first show in Brazil? What brought you to this country?

(quando foi seu primeiro show no Brasil? o que trouxe você a este país?)

(Madcat) My first show in Brazil was when Madcat & Kane played at the Nescafe Blues Festival in São Paulo in May, 1995. The same promoter (Caesar Castano) brought Madcat & Kane back to São Paulo again in November, 1998 to play at the SESC Blues Festival. Right after the playing at the SESC Blues Festival, Shari Kane flew back to the USA, and I joined up with the Big Joe Manfra and Jefferson Gonçalves to play some gigs in Rio de Janeiro, Blumenau, and Florinopolis. That little tour went so well that Big Joe Manfra and Jefferson Gonçalves invited me back to Brazil in 1999, 2000, 2001, and 2003 to tour with them again.

(meu primeiro show no Brasil foi quando Madcat & Kate tocaram no Nescafé & Blues em São Paulo em Maio de 95. O mesmo promoter (Caesar Castano) trouxe Madcat & Kate de volta a São Paulo em Novembro de 98 para tocar no festival de blues do SESC. Após tocar neste festival, Shari Kane voltou aos EUA e eu me juntei a Big Joe Manfra e Jefferson Gonçalves para tocar em alguns shows no Rio de Janeiro, Blumenau e Florianópolis. Esta pequena tour teve tanto êxito que Big Joe Manfra e Jefferson Gonçalves me convidaram a voltar ao Brasil em 99, 2000, 2001 e 2003 para fazer parte de uma tour com eles novamente.)


(GBH) I see you have a special interest on teaching. Can you talk a little about your initiatives on this area like your Kids' Concerts and the cassette "Madcat, mostly for kids".

(Vejo que você tem um interesse especial em ensinar. Você poderia nos falar um pouco sobre suas iniciativas nesta área como seus "Concertos para crianças" e a fita "Madcat, sobretudo para crianças")

(Madcat) I first started playing shows for children back in 1980. I enjoy playing for children, and they enjoying it too. So many years ago I made two cassette tapes of music for children: "Mostly for Kids" and "More Kids' Stuff." At about the same time I started giving harmonica workshops at harmonica conventions, music schools, and music stores. Now I have two instructional videos available in the USA and another one available in Brazil.

(Comecei a fazer shows para crianças em 1980. Gosto de tocar para crianças e eles gostam também. Muitos anos atrás eu fiz duas fitas cassete de músicas para crianças, "Mostly for Kids" [sobretudo para crianças] e "More Kids' Stuff" [mais coisas de crianças]. Na mesma época, eu comecei a dar workshops em convenções de gaita, escolas de músicas e lojas de instrumentos musicais. Agora eu tenho dois vídeos instrucionais nos EUA e um disponível no Brasil)


(GBH) You have played many different musical styles. You've recorded many blues, as well as "La Cucaracha" and the jazz standard "Body and Soul" and "Take 5". What style you would like to try next? What style do you think you'd like to record in the future? What are your projects for the future?

(Você tem tocado muitos estilos musicais diferentes. Você gravou blues da mesma forma que gravou "La cucaracha" e standards do jazz como "body and soul" e "take five". Qual o estilo que virá a seguir? Qual estilo você gostaria de gravar no futuro?)

(Madcat) All my life I have been interested in a wide variety of music, especially folk music from all over the world. Currently I have many projects going on. Last summer I recorded a new CD with the trio TRIPLE PLAY, featuring Chris Brubeck (the son of Dave Brubeck), Joel Brown on acoustic guitar, and me on harmonica and jawharp. That CD should be released sometime in 2003. I have also done some recording with percussionist Muruga Booker, and clarinetist Perry Robinson. This CD will also be released later in 2003. Also I plan to start recording a new solo CD soon. On my new solo CD I plan to play some guitar and ukulele as well as the harmonica. And maybe Madcat & Kane will record another CD this year... I don't know what to call the type of music I play... but it is influenced by folk music from all over the world.

(Toda a minha vida eu tenho me interessado por uma grande variedade de música, especialmente música folk de todas as partes do mundo. Atualmente, tenho muitos projetos em andamento. Verão passado, eu gravei um novo cd com o trio Triple Play, com participação de Chris Brubeck (filho de Dave Brubeck), Joel Brown no violão e eu não gaita e na jawharp (berimbau-de-boca). Este cd deve ser lançado em algum momento de 2003. Ainda, eu plnejo gravar um novo cd solo em breve. No meu cd solo, devo tocar algum violão e ukulele (instrumento parente do cavaquinho) assim como gaita. E talvez, Madcat & Kane grave um novo cd este ano... Não sei como chamar o tipo de música que eu toco, mas é influenciada por folk music de todas as partes do mundo)


(GBH) How's the harp scenario nowadays, in your opinion? What's better today for harp players? What's worse?

(qual o cenário atual da gaita em sua opinião? o que melhorou para os gaitistas? o que piorou?)

(Madcat) When I started playing harmonica back in 1964, a Marine Band harmonica cost $2.25... But other than the price of harmonicas, the harmonica scene is much better today. When I started playing there were no instructional books, no videos, no harmonica conventions, no internet harmonica groups... And Hohner was the only brand of harmonica available in the USA. Today there are many more resources for harmonica players, and many more harmonicas available.

(Quando eu comecei a tocar gaita em 64, uma Marine Band custava US$ 2.25... Mas fora o preço das gaitas, o cenário está muito melhor hoje. Quando eu comecei a tocar não haviam métodos, vídeos ou convenções de gaitistas, nem grupos de discussão na internet... e a Hohner era a única marca de gaitas que havia nos EUA. Hoje há muito mais recursos para os gaitistas e muito maior variedade de gaitas disponíveis)


(GBH) Many harp players seems to be in a good mood most of the time. Toots usually signs with a smile, Musselwhite seems to be always happy, and you don't look different ;-) Why do harp players usually seems so happy? Are you happy playing harp, guitar and singing? ;-)

(Muitos gaitistas parecem estar sempre bem-humorados. toots normalmente assina com um sorriso, Musselwhite parece estar sempre contente, e você não parece diferente. Por que gaitistas normalmente parecem estar felizes? Você está feliz tocando gaita, violão e cantando?)


(Madcat) It's true. I am a very happy person most of the time, especially when I'm playing music. Harp players in general seem to be happy people. Maybe it has something to do with the extra oxygen in our brains from all that inhaling...

(É verdade. Eu sou uma pessoa muito feliz na maior parte do tempo, especialmente quando estou tocando. Gaitistas parecem ser pessoas felizes em geral. Talvez tenha a ver com o oxigênio extra que entra em nossos cérebros quando estamos aspirando...)

O Portal Gaita-BH agradece a colaboração de Peter Madcat e aguarda por mais shows dele em nossa terrinha. Mais informações sobre Peter Madcat Ruth

madcat@madcatmusic.com
http://www.madcatmusic.com

Novas técnicas de produção das gaitas Seydel

[publicado no Portal Gaita-BH em Novembro de 2003]

A Hohner é a marca de gaitas mais antiga do mundo, né? Não, existe também na Alemanha um fábrica de gaitas que foi fundada antes da Hohner e que hoje tenta sobreviver no mercado com uma produção tímida, a Seydel. Bem, mas não é sobre a Seydel que eu escreverei nesse artigo, inclusive porque não tem muito o que falar. Eles fazem gaitas que não se destacam no mercado e atendem basicamente ao mercado alemão. Seus preços, frente aos preços brasileiros da Hering os impede de entrar no Brasil e a coisa fica por isso mesmo.

Eu gostaria de escrever sobre uma novidade tecnológica que eles lançaram (e pantentearam, dizem) na Musikmesse (Feira da Música) em Frankfurt esse ano.

Os primeiros rumores surgiram logo antes da feira (06 a 10 de fevereiro de 2003) na lista alemã Harpchat, onde a Seydel inscreveu um representante (seria o Carlos Alberto na Hering/Gaita-L ou o Rick Epping na Hohner/Harp-L). A notícia dizia que a fábrica acabara de patentear um método de corte de placas de vozes que, ao invés da prensa e estampa comuns, usava eletroerosão.

Bem, para isso ser verdade, a técnica utilizada deveria ser a eletroerosão a fio. Esse método de corte de metal é muito parecido com o corte de isopor com um fio aquecido, ou de madeira com uma serra tico-tico. Tem-se um arco sobre o qual está esticado um fio fino de cobre eletrizado em constante movimento, como uma serra de fita. O outro pólo elétrico é a própria peça a ser cortada, que está imersa em um líquido dielétrico. O corte se dá por causa de pequenas centelhas que ocorrem entre os polos (fio e peça) que corroem o metal. Mais detalhes podem ser vistos nessas apostilas bastante didáticas da Biblioteca Virtual da USP:

A confirmação de que realmente se trata de eletroerosão a fio veio na forma de fotos dessas placas tiradas na Musikmesse e depois da própria firma.

De qualquer forma, a Seydel estava propagandeando o método exaltando algumas qualidades das placas de vozes resultantes:
-grande precisão geométrica e diminuição das tolerâncias;
-ausência de deformações das arestas da fendas devidas ao corte por estampa;
-ausência de empenamento da placa também devido à estampa;
-planicidade das faces internas das fendas de palhetas;
-perpendicularidade excelente entre as faces internas das fendas e as faces superior e inferior da placa de vozes;
-etc.




Ótimo. Um resultado louvável advindo de pesquisa de uma empresa que tenta ganhar mercado com inovação tecnológica. Parabéns à Seydel!

Porém... Pois é, sempre tem um porém.

Porém eu não estou convencido de que o processo realmente traga vantagens sensíveis ao tocar a gaita. Não sei se a diminuição das tolerâncias foi o suficiente para diminuir consideravelmente o vazamento de ar entre as palhetas e suas fendas. A idéia aqui seria eliminar a necessidade do uso do método de "embossing" para alcançar essa melhoria. Acontece que eu nem tenho certeza de que o "embossing" realmente ajude muito no desempenho da gaita. Por outro lado, preciso experimentar mais com essa técnica, cujo princípio básico pode ser achado na net, bastando fazer uma pesquisa no google usando as palavras chave "slot", "embossing" e "harp" ou "harmonica". Mas isso é outra discussão.

O outro ponto são a perpendicularidade e planicidade melhoradas das faces internas das fendas. Dizem os fabricantes que essas características otimizam o fluxo de ar pela fenda, melhorando as características do tocar da gaita. Novamente acho que o resultado garantido pelo processo de estampa são bastante bons e duvido um bocado da melhoria advinda dessas qualidades.

Em relação à ausência de deformações da placa de vozes resultantes da estampa, aí sim eu fiquei interessado. Já mais de uma vez eu elogiei a gaita Overdrive da Suzuki por ter placas de vozes e corpo extremamente planos que possibilitam uma vedação excelente apenas com a utilização de dois pares de porca e parafuso para a montagem da gaita inteira. A planeza das placas de vozes obtida pela Seydel provavelmente causará uma melhoria da vedação entre corpo e placas de vozes, se o corpo da gaita também for bastante plano.

Então parece que o processo da Seydel é bom, mas não é tudo aquilo que a firma propagandeia. Lógico que algumas pessoas tocaram gaitas protótipo com as novas placas e garantiram que são gaitas superiores. Mas trata-se de instrumentos protótipos, que receberam atenção especial na hora de serem fabricados. Então fica difícil garantir que as melhorias observadas na gaita são realmente por causa das placas novas, e não por causa de um ajuste mais cuidadoso.

Além disso, eu pessoalmente não consigo ver como esse processo pode ser economicamente viável. Enquanto uma placa de vozes pode ser estampada em fração de segundo, o processo de eletroerosão levará vários segundos, senão minutos, para fazer o mesmo trabalho.

Pesquisei um pouco o processo, refrescando a memória dos tempos de escola técnica, e, considerando uma placa de 1mm de espessura e fio de 0,25mm de diâmetro, a velocidade de corte de eltroerosão não deve ultrapassar 50mm por segundo. Como uma placa de vozes tem em média um perímetro de corte de aproximadamente 300mm, eu precisaria de 6 minutos para cortar tal placa.

Esse valor talvez esteja superdimensionado, mas qualquer coisa mais realista não poderá competir com a fração de segundo da estampagem.

Bem, essa minha suspeita foi confirmada em discussão na lista Harp On! por Vern Smith, que trabalha com esse tipo de equipamento e tem excelente fama como ferramenteiro. Mesmo se eles tentassem fazer um sanduíche de placas para cortá-las ao mesmo tempo, o processo continua muito caro. A única resposta a esse mistério seria pensar que a Seydel realmente inventou um processo novo de eletroerosão a fio. Ou então eles têm tempo de sobra, vai saber.




Em todos os casos, a novidade é interessante, é fato comprovado por fotos e colocou o mundo gaitístico para pensar. Talvez seja viável para o volume pequeno de produção deles, e talvez realmente melhore a qualidade dos instrumentos. E talvez eu esteja fazendo um monte de especulações baseadas em informações imperfeitas e incompletas.

Para concluir, gostaria de lançar também a informação de que a Seydel desenvolveu esse sistema de modo que os furos feitos nas placas de vozes para a fixação de palhetas podem ser utilizados tanto para fixar as palhetas com rebites como com parafusos. Bem, se eletroerosão a fio já me parece um processo economicamente inviável, o uso de microparafusos nas palhetas me parece ainda mais. Isso pode indicar que a Seydel está realmente tentando mudar o paradigma da produção de gaitas, dando uma atenção a seus instrumentos que nenhum outro fabricante sequer cogitaria.

Vamos ver no que dá.

Links:
http://www.c-a-seydel.com/
http://groups.yahoo.com/group/harpchat/message/6488
http://www.harponline.de/Harp_Specials/Hohner_XB-40/XB-40_Features/Messe/messe.html#a1

Fernando Bresslau

(Fernando Bresslau é um dos moderadores do gaita-L e aficcionado por mecânica gaitística. Também andou fuçando em XB-40s e um dia ainda vai criar a gaita MIDI. Na horas vagas, estuda engenharia naval. Também mantém seu portal gaitísco, que recomendamos: o Fá Harmônico)

Prado Blues Band, Big Chico, Mr. Mojo e Gabriel Grossi

[publicado no Portal Gaita-BH em Novembro de 2003]

A safra de CD de gaitistas brasileiros deste ano foi de primeira. Confira nesta edição uma breve resenha sobre quatro CDs de gaitistas de primeira linha. Três CDs são do selo Blues Associados e o do Grossi é uma produção independente patrocinado pela FAC (fundo da arte e da cultura do Distrito Federal)

Prado Blues Band - High Custom Fidelity

A primeira coisa que se nota neste CD é que você pode perfeitamente se divertir um bocado ouvindo-o. A segunda é que os músicos se divertiram um bocado tocando-o. O CD é um non-stop de músicas boas gravadas em estúdio em sessões ao vivo (da mesma forma que o Salamandra do Blues Etílicos) onde Ivan Márcio se revela como um competente vocalista, além de um ótimo gaitista. O segundo CD deles está a caminho. IMPERDÍVEL.

Mr. Mojo - Mr. Mojo

Novamente, Ivan Márcio na gaita. Leva um certo tempo prá se acostumar com a voz do Rui Bueno, acho (mas não à sua performance de palco, que é alegre e divertida), mas o CD é honesto e bem gravado. A proposta é boa e o resultado foi um CD que vai certamente agradar o ouvinte blueseiro. As composições próprias têm qualidade e os covers de Buddy Guy e Willie Dixon estão bem legais. COISA FINA.

Big Chico Blues Band - Blues is My Life

Mais uma vez, um CD gravado ao vivo em estúdio. Depois de muitos anos na estrada, a Big Chico Blues Band colocou o pé no estúdio e condensou esta pequena jóia que é este CD. Big Chico é um grande gaitista e um grande intérprete. As músicas do CD têm dinâmica, expressão e feeling. E Deus sabe como é difícil conseguir isso e com essa qualidade. Lembra as melhores coisas do Ford Blues Band. Som honesto e realmente bom. COISA FINA.

Gabriel Grossi - Diz que fui por aí

Este CD é uma das mais gratas surpresas para os apreciadores da cromática. Gabriel Grossi debuta neste CD com participações de Maurício Eihorn e Hermeto Paschoal, e debuta com virtuose, classe e bom gosto. Desponta neste CD um gaitista de primeira categoria para continuar a história que os grandes gaitistas de cromática escreveram na música brasileira, como Edu da Gaita, Maurício Einhorn e Rildo Hora. O CD passa pelo samba e pelo choro, e também pro algumas composições próprias de alta qualidade. IMPERDÍVEL.

Portal Gaita-BH entrevista Carlos del Junco

[publicado no Portal Gaita-BH em Novembro de 2003]

A entrevista desta edição é com Carlos Del Junco, um dos gaitistas mais impressionantes da atualidade. Cubano, Del Junco vive hoje no Canadá. Começou a tocar aos 14 anos, e também é graduado em artes visuais na Ontario College of Art. Tem vários CDs lançados (creio que nenhum no Brasil). O repertório vai desde o blues tradicional até alguns clássicos do Jazz e alguns clássicos da música latina. Para conhecer mais sobre Carlos Del junco, visite seu site oficial.

Esta entrevista foi feita em Março de 2003.

(GBH)Have you ever came to Brazil? Do you have plans to come to Brazil in a near future? (Você já veio ao Brasil? Tem planos de vir ao Brasil no futuro?)

(CDJ)No, not yet - I would love to come to Brazil to play shows and study the music and culture (Ainda não - adoraria vir ao Brasil para tocar e estudar a música e a cultura)

(GBH)What are the most important lessons you've learned from Howard Levy? (Quais as lições mais importantes que você aprendeu de Howard Levy?)

(CDJ)The best teachers are your favourite musicians i.e. Transcribing solos is a great exercise, how to listen to music. When practicing exercises, try to make up new ones to keep out of the rut of playing the same exercises the same way all the time. Be willing to fall flat on your face - take chances as you can really learn from the bold mistakes you make on stage (Os melhores professores são seus músicos favoritos. Transcrever solos é um grande exercício, a forma como você ouve a música. Quando praticando seus exercícios, tente criar outras variações que te evitem de repertir os exercícios todas as vezes. E se prepare para quebrar a cara - arrisque pois você realmente pode aprender a partir dos erros que comete no palco)

(GBH)You also have a career in visual arts and you also say that music is just another way to create textures and shapes. Can you tell us a bit more about this another artistic side of sculpting? (Você também tem uma carreira em artes plásticas, e diz que a música é apenas outra maneira de criar formas e texturas. Você pode nos contar um pouco mais sobre este outro lado artístico da escultura?)

(CDJ)I haven't sculpted in the last 15 years. I basically compare sound to sculpting because I believe that sound is very 3 dimensional ...i.e. Some sounds are soft and hard, others dark and dense, some sounds have ripples in them, others light and feathery - all this can apply to the look and feel of sculpture as well...Is it easier than playing? It is a very different medium - it is not easier or harder, only familiar or less familiar...just another way to express one's creative self.(Não tenho esculpido nos últimos 15 anos. Basicamente eu comparo música com escultura porque eu acredito que música é bastante tridimensional, por exemplo, alguns sons são macios, e duros, outros são escuros e densos, alguns sons tem rugosidades, outros são claros e brilhantes - tudo isto pode ser aplicado à sensação da escultura. É mais fácil que tocar? É uma mídia completamente diferente - não é mais fácil ou mais difício, somente mais ou menos familiar... apenas outra maneira de expressar sua criatividade)

(GBH)How do you evaluate the current situation of harp playing? Is it getting better or worse? What will be the next change for harp players in the future, in your opinion? (como você avalia o cenário atual da gaita? tem melhorado ou piorado? Qual vai ser a próxima mudança no futuro dos gaitistas?)

(CDJ)There are bad harmonica players and there are good harmonica players. The good ones can only get better - the good players whether they are very traditional players like blues virtuoso Kim Wilson or adventurous pioneers like Howard Levy. The bad players don't practice... Guys like Howard Levy have changed it as much as I can see in the near future...I am trying to incoporate what he does into more of a blues idiom. (Há gaitistas bons e ruins. Os bons tocam melhor que os ruins seja no blues tradicional como Kim Wilson ou pioneiros como Howard Levy. Os maus gaitistas não praticam... Caras como Howard Levy mudaram o modo de tocar até onde consigo ver pro futuro próximo... Eu tento incorporra o que ele faz dentro do idioma do blues)

(GBH)What are the plans for the future? (E os planos para o futuro?)

(CDJ)My third solo band CD will most likely be out in a year and will be more like BIG BOY, a return more to a blues idiom with maybe a hint of latin thrown in...(Meu terceiro CD de banda solo deve sair dentro de um ano e deve ser como BIG BOY, um retorno ao idioma do blues com um pouco de tempero latino)

Site do JT30

[publicado no Portal Gaita-BH em Outubro de 2003]

Todo gaitista tem seu site favorito, aquele que parece ter tudo o que você sempre quis saber sobre gaitas, amplificadores, microfones e principalmente, sobre o ponto de vista do gaitista.

Quando eu resolvi comprar um microfone bullet, eu resolvi comprar o modelo mais barato que tinha, apenas para ter sempre um microfone decente para quando precisasse. Comprei então um astatic JT30vc, tradicionalíssimo dos gaitistas. Fui pesquisar na web e então descobri este site fantástico, mantido pelo Keith Graham.

O site, que originalmente era dedicado aos microfones vintage, ou seja, microfones antigos que sempre caíram nas boas graças dos gaitistas, foi se expandindo e começando a aglomerar, de forma caótica, toda sorte de material de interesse do gaitista, sobretudo do gaitista iniciante. Porém, ao contrário dos sites didáticos, que se propõem a explicar teoria, técnicas, tipos de gaitas, etc, o jt30.com expõe alguns tópicos prá lá de interessantes, que vão desde piadas de gaitistas (dificilmente não-gaitistas vão rir) até as utilíssimas "regras de etiqueta em jams") passando por um pequeno tratado dedicado aos iniciantes, respondendo aquelas velhas perguntas de "quais gaitas devo comprar" ou "como eu reconheço em que tom está uma música", de forma direta, simples e bem humorada. Verdadeiras pérolas. Isso fora as galerias de fotos de microfones e amplificadores vintage, links, tablaturas e toda a sorte de material generosamente disponibilizado. Dá prá ficar um mês em cima do material deste site e mesmo assim não ver tudo.

Não se engane pela aparência caótica do site. Panela velha é que faz comida boa.