primeiro, eu nunca consegui ver um show do Otávio Castro ao vivo. Quando eu fui para SP ver o Mark Ford no SESC, eu só pude ir no domingo e a apresentação dele tinha sido nos dias anteriores.
o que eu conheço do Otávio é a fama, algum bate-papo pela internet muito breve e algumas músicas pela web. Inclusive uma que ele mandou para um cd do gaita-l. E claro, sua participação no gaita-l.
O Sérgio já fez uma boa apresentação do Otávio no blog dele. Confiram. Procurando no youtube, vcs devem achar alguma coisa dele postada pelo Nix ou pelo Bresslau. O blog do Morenno tb tem alguma coisa sobre ele.
Otávio é um cara formado em direito que resolveu apostar na diatônica. E apostar pesado no cromatismo. Para isso, ele usa gaitas muito bem ajustadas, pelo Rafael Domingos (Juiz de Fora - MG). Ele era até então endorser Hohner, e usava golden melody em C para toda e qualquer música (são 38 notas com todos os recursos de cromatismo), mas agora que ele é endorser hering, eu não sei exatamente o que ele anda usando. Visto que a hering acabou de lançar uma gaita customizada para cromatismo, eu imagino que seja o caso.
As maiores críticas do uso do cromatismo na gaita diatônica vem fundamentalmente da questão de que nem sempre as notas obtidas por overs têm timbre e a dificuldade de fazer certos acordes ou transições usando apenas a gaita em C. O radicalismo de Otávio é ao mesmo tempo a maior crítica e sua melhor qualidade. Enquanto outros gaitistas cromáticos como Howard Levy e Allen Holmes fazem uso de várias tonalidades diferentes de gaita para diferentes músicas (e eles guardam os displays das notas em cada uma das gaitas, o que equivale em certo ponto a saber tocar instrumentos totalmente diferentes), Otávio se vira muito bem com uma única diatônica em C, fazendo do seu trabalho um trabalho único.
Não bastasse a virtuose, há toda uma atitude de Otávio em direção a uma divulgação da diatônica como um instrumento cromático. Em certo ponto, é certo que a capacidade cromática do instrumento existe e ele prova bem este ponto. Por outro lado, ser possível não significa ser fácil e a dedicação que Otávio tem pelo instrumento não é algo fácil de se reproduzir. Ainda, a opção natural para muitos gaitistas que buscam o cromatismo tem sido simplesmente optar pela gaita cromática, já projetada para obter todas as notas sem esforço ou customização.
A causa de Otávio é perdida? Eu diria que não. Na verdade, ao contrário dos amigos argentinos e americanos, a grande maioria dos gaitistas brasileiros de diatônica segue a escola do velho blues, usando a gaita diatônica nas primeiras posições, ou eventualmente caindo em algumas virtuoses, mas explorando pouco o cromatismo. O próprio repertório é limitado onde a gaita diatônica se sai bem, que é no blues. Já na MPB ou no Jazz, a história é completamente diferente. Conta-se nos dedos de uma mão os gaitistas diatônicos que se enveredam nestes caminhos, o que definitivamente não acontece na Argentina.
Em termos de mercado, pode-se dizer que existe no Brasil um imenso potencial para a cromatização da diatônica, tanto para a produção de gaitas customizadas como, principalmente, para o ensino das técnicas. Apesar de bends e overs serem, evidentenemte, menos importantes no ensino que uma boa base consolidada na embocadura, teoria e sopro, os overs ainda são considerados "um passo a mais", enquanto a abordagem de Otávio é partir do pressuposto de que o cromatismo da diatônica é natural desde o início.
É meu gaitista favorito? Sem ofensas, mas o Levy também não é o meu gaitista favorito. Mas gosto não significa qualidade. Levy, Otávio e todos os gaitistas cromáticos estão expandindo as capacidades do instrumento desde a década de 70 e prestam um serviço inestimável na expansão da expressividade do instrumento e principalmente de seu uso em outros repertórios. Por outro lado, existe a limitação técnica, como existe em vários outros instrumentos (ligaduras de expressão podem ser especialmente difíceis em determinados instrumentos de sopro, acionadas por teclas), mas toda inovação é boa. Todo progresso é bom.
Pronto, agora você sabe porque o show do Otávio, que se não me engano é o primeiro dele em BH, é imperdível. Ainda mais neste preço simbólico e num lugar bom como o teatro sesiminas.
AGENDA - SHOWS
28/04 (sábado)
Prêmio VII BDMG-INSTRUMENTAL
MÁRCIO HALLACK E OTAVIO CASTRO
TEATRO SESIMINAS
Horário:
Rua Pe. Marinho, 60 - Santa Efigênia - Belo Horizonte - MG
Ingresso: R$ 2,00 (preço único)
(THANKS MORENNO)
>>>>>>>>>>>> mais informações (do site do BDMG Cultural)
BDMG Cultural apresenta a 7ª edição do BDMG-Instrumental, prêmio dedicado a compositores e arranjadores mineiros ou residentes no Estado
A Comissão Julgadora que selecionou os 12 finalistas e indicou os vencedores do “Prêmio Marco Antônio Araújo” foi formada pelos músicos, compositores e arranjadores Luiz Bueno (Duofel); Pascoal Meirelles e Yuri Popoff.
Uma nova Comissão Julgadora, formada por músicos e jornalistas com especialidade em música escolherá os quatro vencedores da 7ª edição do BDMG-Instrumental, no festival que acontecerá nos dias 27 e 28 de abril (sexta-feira e sábado), no Teatro Sesiminas (Rua Pe. Marinho, 60 – Santa Efigênia, BHZ), a partir das 19 horas.
Dia 27 de abril, sexta-feira
19:00 às 19:20 horas - Jorge Bonfá (violonista)
19:35 às 19:55 horas - Gustavo Figueiredo (pianista)
20:15 às 20:35 horas - Mateus Bahiense (percussionista)
20:50 às 21:05 horas - André Rocha (violonista)
21:20 às 21:40 horas - Antonio Loureiro (pianista)
21:55 às 22:15 horas - Maurício Ribeiro (violonista)
Dia 28 de abril, sábado
19:00 às 19:20 horas - Marcelo Magalhães Pinto (pianista)
19:35 às 19:55 horas - Dudu Lima (contrabaixista)
20:15 às 20:35 horas - Ronaldo Sá (guitarrista e violonista)
20:50 às 21:05 horas - André "Limão" Queiroz (baterista)
21:20 às 21:40 horas - Rodrigo Torino (violonista)
21:55 às 22:15 horas - Márcio Hallack (pianista)
Cada concorrente irá se apresentar com, no máximo, cinco músicos no palco. Cada um terá 20 minutos para mostrar as duas músicas autorais e a música arranjada com as quais concorreram.
No dia 29, seis dos 12 concorrentes serão finalistas e voltam a se apresentar com os mesmos músicos, as mesmas músicas, em ordem a ser definida por sorteio, a partir das 19 horas, no Teatro Sesiminas.
Na ocasião serão conhecidos os quatro vencedores que receberão prêmios idênticos de R$ 6.000,00 e a produção de um show no Teatro da Bibilioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, além de shows em duas unidades do Sesc São Paulo (nestes casos o cachê será do Sesc SP).
Os seis finalistas - que se apresentarão no domingo, dia 29, gravarão um CD em estúdio, com as duas músicas autorais. Este CD será distribuído no final do ano como brinde do BDMG-Cultural.