quinta-feira, 8 de abril de 2010

FAT NASTY by Leandro Ferrari

Bem, o Leandro me conhece, sabe que eu sou um cara difícil, beirando o limite da chatice às (muitas) vezes, mas também sabe que eu não abro mão de falar o que penso por uma questão de justiça e, sobretudo, de credibilidade.

Então vou falar o que eu achei do cd dele "FAT NASTY".

O CD tá ducaralho de bom. ;-)

#prontofalei

Seguinte, o Ferrari já tem um tempo, experimentava pedais e tal, e o blog dele deixa claro quais são suas influências. E pelo CD, dá prá ver que Saint German é uma das principais. Ele fez um cd que tem muito Lounge, que é uma vertente bem interessante da música eletrônica.É um cd de Lounge, com gaita, homenageando o blues, a la Son of Dave.

Diga-se de passagem aos puristas, Saint German é uma das apostas da Blue Note, um dos maiores selos de Jazz, que luta para sobreviver contra as suas 2 maiores ameaças, que são

[1] Perder o fio da história, vivendo de requentar jazz para o público que eles já tem. Deixar de apostar em vertentes mais modernas e inovadoras, perdendo o público mais jovem que irá sustentar o selo nos próximos anos.

[2] Lidar com o fato de que o público hoje em dia tem acesso mais fácil e a uma variedade maior de música na web. Menos gente topa pagar os tubos nos CDs da Blue Note, embora a Blue Note continue a pagar os tubos em prospecção e produção profissional de novos artistas.

Eu acho que o CD do Ferrari vem direto de encontro a estas duas tendências.

Primeiro pq ele topou lançar o CD na web para download gratuito.

Segundo pq traz uma proposta que não é nova, mas que o público de gaita não está acostumado. É o Son Of Dave e mais quem? Bem, agora, tem o Ferrari também.

Quais eu acho que são os principais desafios nesta história?

[1] Como não transformar a gaita em apenas mais um pedaço da música sem tirar o talento do gaitista como instrumentista, já que qualquer instrumento pode ser sequenciado eletronicamente? Neste aspecto o que faz diferença é principalmente o timbre (Don't Stop The Train), que é fruto da técnica e que mantém a identidade do instrumento.

[2] Como transpor isto para um show ao vivo? Só vou saber quando ver o Ferrari tocando no palco, e espero que aconteça em breve, pq não vou querer perder ;-).

Este CD do Ferrari cruzou o limite entre o CD que demonstra um bom gaitista e o CD que tem música boa. Vou te falar que não é fácil.

Confira.

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