Acabei de ouvir o "ao vivo do FM Hall". ainda tô meio chocado ;-)
O primeiro chama "acusticamente".
E até onde sei, por enquanto vc só compra direto com o Eberienos.
Que o eberienos é um dos gaitistas mais completos e ecléticos do país, não há dúvida, mas eu confesso que quando saiu o primeiro cd dele, o "acusticamente", por dentro eu pensei "puxa, tá legal, mas não é o eberienos como a gente vê ao vivo".
Isso pq o acusticamente é cd de estúdio, todas as variáveis dentro dos conformes, e aí vale a precisão.
Por isso que eu sempre prefiro os cds ao vivo.
Os cds ao vivo têm toda a humanidade necessária para a música. com os erros, os problemas de microfonação, as notas foras, e todos os et ceteras. e para quem conhece música e já gravou alguma coisa ao vivo, no primeiro take, sabe que prá coisa sair boa de primeira existe toda uma bagagem por trás de anos e anos de estudo e entrosamento que não nascem de um dia pro outro.
Cds ao vivo são sempre mais difíceis, mas também não são reprodutíveis. e isso dá um caráter único ao trabalho.
Cds ao vivo também tem os sons das pessoas, da platéia, que aplaude, grita, comenta. isso faz parte do show também.
O fato é que o cd do eberienos é um cd instrumental, e estes cds podem ser muito chatos de ouvir, e uma das formas de sair da chatice é pela virtuose, um dos pontos fortes do eberienos.
A mesma virtuose também pode ser a porta para outra chatice, e isso costuma acontecer quando o virtuoso não dispõe de uma boa variedade de recursos ou repertório, e este cd também teve este cuidado, de deixar o repertório oscilando do samba, bossa nova, jazz fechando num tão-esperado irish, uma das especialidades da casa.
Eu diria que o primeiro cd do eberienos ("acusticamente") foi feito para agradar uma platéia que quer ouvir músicas que se pareçam com as versões originais, onde a gaita é apenas uma peça de um quebra cabeças que diz "você pode adicionar a sonoridade da harmônica no pop e ter um belo resultado", e para mim, que estou quase sempre fugindo de ouvir o pop, não era para mim. Era para a audiência leiga (90% das pessoas) e para a audiência profissionalíssima (produtores).
Mas comprei e ouvi do mesmo jeito. E recomendo principalmente para as pessoas que estejam querendo angariar público leigo para a harmônica, pq simpatiza pelo repertório. Meus pais adorariam ouvir o "acusticamente", meus tios, meus primos, as pessoas na rua. E eu acho que isso tem um papel importantíssimo se estamos falando em divulgar o instrumento.
Agora, como gaitista, o que eu espero de um show do eberienos é um desfile de técnicas fabulosas, uma capacidade de improvisos e virtuoses que me fazem querer jogar minha gaita fora. E é exatamente o caso deste cd, o "ao vivo no FM Hall". Este CD é o que eu chamaria de "Eberienos experience", porque ver um show dele ao vivo é mais ou menos isso. E neste aspecto, este cd cumpre o papel.
O próprio repertório oscila entre estilos que selecionam uma audiência mais atenta aos detalhes. Um ouvinte de jazz e de bossa vai analisar este cd de forma totalmente diferente que meus pais e meus amigos o fariam. E aí o eberienos aproveita e debulha de uma vez a gaita. É um cd para os gaitistas.
Mas o processo de aprendizado é sempre um processo de rever, de entrar para sair da forma, de revisitar e re-analisar. O gaitista deve ouvir o "acusticamente", depois deve ouvir o "ao vivo no FM hall" para comparar a diferença das propostas, e finalmente deve retornar para ouvir o "acusticamente" de novo para ouvir com novos ouvidos e analisar a qualidade que existe por trás daquele repertório pop do primeiro cd. Foi por isso que eu comprei uma segunda cópia do primeiro de novo junto com este. (na verdade acho que eu emprestei o meu primeiro pro zé e como eu mal vejo ele, achei por bem comprar o primeiro de novo).
Mas falando puramente deste CD, é uma bela aula de harmônica. O repertório é para uma audiência mais seleta. Vai do samba ao jazz e passa rente na música celta. Tem uma bela interpretação de clássicos do jazz como "my favorite things" (da noviça rebelde, mas imortalizada pelo coltrane) e "summertime" (com o vocal "cool" de Léo Saramago, numa linha Nouvelle Cuisine, muito bom) a quebradeiras virtuosísticas em "só danço samba" (muito elogiada pelos comentários do myspace do Eberienos) e mais algumas pérolas.
em breve, resenho este cd com alguns samples em http://brazilharp.blogspot.com/. Provavelmente neste fim-de-semana.
o que eu achei foi isso. ;-) mas eu queria saber o que você achou deste cd também.
Confesso que to curioso... O Eberienos toca mt e eu adorei o primeiro disco...
ResponderExcluiracho que pensar só que o 1° é pop é diminuí-lo. poxa tem cada solo e cada timbre na gaita impressionantes...
não é qualquer um que leva um solo daquele jeito que ele faz no acusticamente, além do que a idéia de fazer esse esquema, tipo Santana: tocar sucesso, chamar um bom cantor e ficar solando é muito boa.
é a minha opinião
enfim...
estou curioso!
Abraços
veja bem, dizer que um trabalho é pop não é diminuir ninguém. a gente acaba achando isso por conta do nosso próprio preconceito de achar que pop é um estilo puramente fabricado ;-)
ResponderExcluirAcabei de descobrir essa publicação! É muito bom ver o nosso trabalho navegando por boas correntezas.
ResponderExcluirColoquei um link para este post no meu próprio blog:
http://leosaramago.blogspot.com
E aproveito para avisar que há duas participações do Rodrigo Eberienos disponíveis na seção MP3 do meu site oficial:
www.leosaramago.com.br
Uma das faixas é "Talvez", a primeira do cd "Avulsas". A outra é "Pára de Falar", a primeira em "Os 4 DB's de Léo Saramago".
Abraços,
Léo