domingo, 21 de dezembro de 2008

influência do marketing

(muito gaitista vai me apedrejar por isto)

cedo ou tarde, as fábricas de gaita vão entender que elas não vendem gaita.

quando isso acontecer, acaba a choradeira da saudade dos tempos de ouro da gaita, da desvalorização do gaitista e da falta de mercado para gaitas.

até lá, continua sendo o instrumento incompreendido de sempre.

pense no SPAH, no festival anual. Ou mesmo Trossingen. vc realmente acha que se todas as gaitas fossem chinesas, o festival seria muito pior do que é? Seria inviável?

claro que não.

imagine que não existisse hohner nem lee oskar nem suzuki. só existisse, sei lá, huangs. ou só existissem free blues e hohners bluesbands. Seria muito diferente? Não iriam haver gaitistas geniais fazendo coisas geniais e um monte de gente feliz da vida na platéia aplaudindo? Turmas de gaitistas, gente organizando cds mambembes, encontros, associações, grupos na internet, dando aulas, workshops, tunando gaitas, fazendo camisas, chaveiros, adesivos, visitando-se uns aos outros?

se tem uma certeza que eu tenho para comigo, é que o gaita-l por exemplo, e todas as alegrias que me deu em mais de 10 anos, pouco tiveram a ver com as gaitas propriamente ditas.

por muito tempo, eu fiquei incomodado com o insucesso da barbearia de blues. Mas depois, avaliando bem como a coisa foi feita, eu diria até que deu muito certo, até mais do que uma pessoa poderia esperar. É que os frutos levam anos prá se colher.

até mesmo este blog. 10% aqui é gaita. 90% aqui são outras coisas mais importantes.

eu sei que soa estúpido e prepotente, mas eu te digo de cadeira que fábrica nenhuma de gaita conseguiu fazer o que o harp-l e o gaita-l já fizeram por seus públicos. E tudo o que eles precisavam era de gente apaixonada em suas fileiras. Te falo que nem muito dinheiro seria necessário, poderia até estragar a coisa toda.

existe algo muito maior que aquela coisa com 10 ou 16 furos.

se uma fábrica fizesse 1 modelo de cromática e 1 modelo de diatônica, e abordasse o público do jeito certo, bastava colocar uns poucos na linha de montagem e um batalhão na linha de frente, criando o momentum necessário para que as pessoas quisessem comprar as benditas das gaitas.

e falo mais. nem precisaria ser uma gaita tão boa assim.

olha os festivais de air guitar. nem sequer um instrumento de verdade eles têm

sinceramente, o que as fábricas de gaita vendem? o que os professores de gaita vendem? o que os shows de blues vendem? pq as pessoas estão pagando?

poucas pagam pelas gaitas. muitas pagariam pelo SBRAH 2010

2 comentários:

  1. a primeira é minha: eu vislumbro um futuro onde a gaita seja uma opçao de escolha de instrumento em um curso superior de musica erudita; professores muisicos para ensinar gaita nos cursos de popular; hermetos tocando gaita nas esquinas, bons musicos nos bares e tambem espaço para os bob dylans e tudo mais. A gaita é cheia de possibilidades, mas se voce começa pensando nela pequena, continua fazendo mais do mesmo. Cultue a gaita profissional, essa é a jogada como diria o Ze. Depois a gente continua esse papo, agora é hora de sumir do mapa um pouco pra tirar esse ranso de zinabre da boca. abraços

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  2. Kenji, fica quieto aí no teu canto que vc tá chegando muito perto de publicar algumas idéias minhas que só estarão maduras para o público geral daqui a alguns anos... ;-)

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