2009/12/29 Leonardo
o lance da pirataria, acho que é uma discussão que está em aberto. Eu sou a linha dos que acreditam que conteúdo digital vai ser pirateado por causa da natureza "livre" da internet. Mas há os que acreditam que a internet terá cada vez mais mecanismos de controle e que a farra de sair baixando tudo vai pro espaço logo. É difícil prever o que vai realmente acontecer. Mas até lá, acho que sai na frente que já assume que não vai ganhar dinheiro diretamente com conteúdo copiável e quem souber usar melhor a web como forma de divulgação do trabalho e, --principalmente-- como forma de estabelecer relacionamentos com fãs e alunos.Eu concordo com a linha de pensamento do Kenji acima. Está na frente quem assume que qualquer obra audiovisual digitalizada será copiada. As pessoas não copiam por maldade ou falta de dinheiro. Elas copiam porquê é fácil e conveniente copiar. Ponto. As pessoas não ficaram mais sacanas nos últimos anos, o que mudou foi a realidade tecnológica.
Ou seja, as pessoas no Brasil não são mais sacanas do que o povo nos EUA ou na Europa. O povo de lá baixa tanto quanto o povo daqui. Os músicos de lá se deparam com os mesmos problemas que os músicos daqui. Só que eles estão encontrando jeitos de continuar ganhando dinheiro como músicos que não dependem só da venda de CDs.
Eu tenho visto muitos músicos com idéias interessantes. O Steve Baker organiza duas vezes por ano semanas de workshops de gaita, em Trossingen e na Itália. O percursionista dele, o Martin, dá workshops de cajon onde os alunos montam os próprios instrumentos. O Brendan Power vende um método de gaita irlandesa que inclui uma Special 20 reafinada para a afinação Paddy Richter. Muitos colocam suas músicas no CD Baby e no iTunes para serem baixadas de maneira fácil. Outros gravam o show que você está assistindo para depois te vender esse mesmo show gravado em CD, um show que é só seu.
Artistas de sucesso tentam seguir uma das máximas do marketing B2C: win their hearts, not their wallets. Ou seja, ao montarem sites ricos, com vídeo, música, contato com os artistas, comunidades de fãs, cenas de camarim, etc., os artistas se fazem tão importantes para seus fãs que estes se dispõe a viajar para assistir a shows com ingressos mais caros, compram camisetas, levam amigos junto, compram CDs autografados diretamente da banda. Se o músico atingir o fã da maneira correta e der um motivo, o fã comprará. O fã gastará dinheiro e se sentirá bem com isso.
Eu não sou um músico profissional e não dependo da venda de CDs para me sustentar. Portanto estou numa posição muito confortável para me sentar ao computador e dizer a todos os músicos profissionais que estão numa situação de adaptação difícil que eles precisam apenas se adaptar. Mas eu acredito que é verdade: a realidade mudou e quem não conseguir achar novas maneiras de sobreviver está fadado a desaparecer. E a culpa disso não é dos fãs que não têm coração. Os fãs são os primeiros a darem uma chance àqueles que oferecem a eles o que eles dão valor.
Bem, esse texto ficou muito longo, mas talvez faça sentido para alguns de vocês.
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