segunda-feira, 23 de maio de 2005

impressões do festival de blues no chevrolet hall e the hard times blues

cara, não gostei do show do Rod Piazza. Nem da banda. Eu sei que o cara é foda e que teoricamente a banda dele é do caralho, e eu fiz toda a propaganda colocando gás na galera mas no fim das contas, eu gostei mesmo foi da banda paulista Blue Jeans e das Chicago Blues Ladies.

a história toda foi o seguinte. O Samir e a Mari combinaram o aquecimento num buteco bacana chamado Buritis, mas como ele só abria 20:00, acabou que a gente foi prá um buteco do lado de uma borracharia, copo sujo, e juntou uma galera rara: Tarcísio, Mari, Zé, Samir, Édson, eu e um amigo do Samir. Essa prá mim, foi a melhor parte do programa, prá dizer a verdade. Papo bom, lembrando áureos tempos do Don Filippo.

Aí o pessoal foi pro Chevrolet Hall e eu fui buscar a Lud. O estacionamento do Hall tava 8 reais, o que já é um absurdo. Lá dentro, coca a R$ 2,50, kaiser a R$ 3,00 e outras estripulias. Na arquibancada encontrei a andréia, a hilmara, o ferrari, o tripa, o fred cardoso e a rodica. E o édson e o tarcísio. A Mari deu mais sorte e foi prá mesa com o samir, dri, osmar e zé.

Os dois primeiros shows foram com a Blue Jeans como banda de apoio para o Kenny Neal e as Chicago Blues Ladies, que apesar de quase não cantarem juntas, deram cabo do show com controle absoluto do palco, da banda e do público. Um banho de simpatia, técnica e diversão. E a Blue Jeans mandando ver, fiquei fã instantâneo dos caras. Até a Mari deu uma canja rápida no microfone, muito bacana.

Aï vem o show do rod piazza, lá pra uma e meia da madrugada. O pouco público do chevrolet hall começa a esvaziar, quando a banda aparece numa configuração de palco compacta e tocando sem PA. O Rod Piazza não devia cantar, e nem dar aqueles gritinhos agudos no microfone.

Depois de umas duas músicas, e de queimar o filme tocando duas músicas chatas sem PA, esvaziando ainda mais o teatro, o pessoal começa a tocar com som razoável. Só que com pouca gaita e muito pedido de "everybody say yeah". Um monte de gente comentou comigo que dar show prá pouca gente é meio broxante, mas sinceramente, acho que não é desculpa. A Honey Piazza toca um bocado de teclado, o baterista toca um bocado de bateria e o guitarrista toca um bocado de guitarra. E o Piazza, claro, toca um bocado de gaita, mas por algum motivo misterioso, eu achei o show realmente ruim, as músicas chatas e nenhuma virtuose realmente empolgante. Talvez o blues estivesse muito "branco", se é que vcs me entendem.

No final, quando a coisa estava começando a esquentar, o rod piazza descendo do palco prá tocar no meio do povo, ok, legal, bacana, eu já tinha estado do lado do Flávio Guimarães na Fábrica (o memorável show de 3 horas do blues etílicos em BH) e do Sugar Blue na andradas (outro memorável show de blues com 20 bandas locais de blues abrindo pro cara, incluindo uma agradável surpresa para mim de que o affonsinho toca um bocado de blues) e sei como isso é divertido, mas acho que eu já estava tão cansado do repertório rockabilly-balada do Rod Piazza que eu nem curti tanto assim.

Aí o show acabou, voltaram para uns dois BIS razoáveis, mas acho que já era tarde demais. E não rolou visita no camarim e ainda rolou stress entre o Osmar e um segurança, e outras coisas que nem vale a pena citar. Na saída, rápida foto da galera e a van do Rod Piazza com o Big Chico do lado, e quase ninguém prá pedir autógrafo ou o que fosse. Emendamos no tudão, que depois de ter saído na veja como "o melhor fim-de-noite de BH" vive lotado e cheio de patys e boys.

Cheguei em casa lembrando de uma velha conversa minha com o osmar, de muitos anos atrás, quando eu disse para ele que eu não gostava do Piazza pq eu achava as músicas dele ruins, e ele me dizendo que eu não tinha ouvido os CDs certos. Piazza e seus Mighty Fliers ganharam muitos WC Handy awards então eu posso supor as seguintes hipóteses

- existe um grande mercado nos EUA para o som rockabilly-balada do Piazza
- a banda não estava num bom dia. Isso acontece.

Ainda acho que é a primeira. Acho que o americano não ouve blues do jeito que a gente ouve. Não achei o Piazza muito melhor que muitos gaitistas daqui do Brasil. E nem estou falando dos "top" não, estou falando de gaitistas bresileiros quem nem têm cd gravado. A própria Blue Jeans, que apesar de ser uma banda antiga de blues em SP, nem é reconhecida como era o blues etílicos anos atrás, foram muito mais profissionais, divertidos e com mais feeling que os mighty-not-so-mighty flyers.

A grande lição para mim disso tudo? Várias. Primeiro que os gaitistas não podem parar no tempo (ou podem, mas se acomodem com isso), Que os gaitistas brasileiros precisam parar de endeusar alguns gaitistas estrangeiros pq o que temos aqui não deve nada ao pessoal lá fora. Que BH não enche show de blues em casa grande (e restringir as mesas e distanciar o público do palco foi uma má idéia do Hall neste aspecto tb)

Eu lembro de ter conversado com o Jimmy outro dia sobre este festival e ele me perguntou quais seriam as atrações locais. Eu falei que de festival, só havia o nome, pq era 1 dia de show em BH e nenhuma banda daqui. E o Jimmy comentava "de que adianta um festival se vc não tem a oportunidade de trocar idéias?". E é mesmo. Que coisa mais broxante, festival de blues sem canja, sem banda local, sem improviso, com o público distante dos músicos, exceto quando eles mesmos descem do palco para ver o público.

Uma pena. Fiz tanta propaganda do Rod Piazza que nem tenho mais coragem de chamar o povo na lista prá ir ver o show, sob pena de virar o menino que gritava lobo. Eu queria sinceramente arregaçar as mangas e fazer organizar um festival de blues em BH, mas a cidade está tão parada e as bandas boas estão tão ausentes que é desanimador.

O loretta tá sem o pedro. O Osmar tá sem banda. O Deja Blue tá parado. O Samir tem uma banda que eu estou esperando ver. O Édson tá ocupado. O Nasty dizem que está com repertório ruim. O Alexandre Araújo sumiu (eu não era muito fà dele, mas o Osmar e o Diogo chegaram a tocar com o cara). O Black Coffee terminou antes que eu pudesse ver. O Bruno foi pro canadá. Só o Leandro está fazendo alguma coisa. O festival de blues do mineiríssimo foi caindo até desaparecer. Os novatos não aparecem. Nem do Affonsinho eu tenho ouvido falar. Aguardei que surgisse a "próxima onda" do blues em BH, mas a onda não vem.

É uma pena. Hard times everywhere I go

7 comentários:

  1. mais uma vez, falou e disse.
    Não tenho absolutamente nada a acrescentar.

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  2. Eu vi ontem o show do Rod Piazza em Sampa. O engraçado é que as minhas impressões são exatamente ao contrário! Eu não gostava do Rod Piazza antes, pois achava os CDs muito "para estudante de gaita" e ele fez um show bem mais show de blues. Talvez o mau desempenho em BH tenha feito ele ficar mais esperto em Sampa - é claro que se o povo foi embora, a coisa não foi boa mesmo.
    Mas, entre o Rod e o Willian, sou mais o Willian Clarke. Quanto ao Blue Jeans, o problema é que eles fazem um show por século e aí não há fã que resista.

    []'s

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  3. Eu vi o show no Direct TV em SP e olha, pode-se até não gostar do estilo, do som ou mesmo da pessoa do Piazza, agora algumas coisas devem ser consideradas: O som que ele toca não é de forma nenhuma rockbilly de "branco" ou balada. Basta de um pouquinho de conhecimento ou mesmo de boa vontade pra pesquisar para saber que a origem dos sons feito por ele e por muitas outras bandas de west coast tem origem em bandas de swing, blues e jazz, lá dos 30, 40 e 50 dos nosso heróis negros da melhor qualidade. Rockbilly é outra coisa, outra linguagem.

    E minha nossa, será que ouviram os Wittle Walter que o kra fez? a concepção da banda? Tudo no lugar certo...olharam pro baterista tocando? e o Bill Stuve utilizando técnicas de baixo acustico no baixo eletrico? Alguem já havia visto alguem fazer isso por aqui?

    Enfim...uma experiência de vida pra quem curte gaita, piano, baixo, guitarra, bateria blues, jump, bem tocados.

    E agora...até depois!

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  4. Kenji: no Firefox (Mozilla provavelmente tbm) digita gaitabh no barra de endereço e vê o que acontece.
    Abraço,
    Bresslau

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  5. acho que ele completa com o url que ele acha mais próximo, no meu caso, o do blog mesmo

    já o domínio gaitabh.org vai pro saco e eu não vou renovar não :(

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  6. Noh, desenterrei este post antigo do Gaita BH e decidi comentar mesmo com dois anos de atraso.

    1- Amei o festival do Chevrolet, incluindo o show do Piazza, é claro. Achei ele bem mais fraco que os dois anteriores, mas coloquei a culpa no cansaço que eu já estava sentindo àquela altura... Porque foi foda mesmo.

    2- Putz, é até legal ver esse seu comentário triste e desesperançado no final do post, em 2005! A nova geração de blues não vinha nunca, mas parece ter chegado agora. A Barbearia está num fôlego só, o programa de blues da rádio tá pra estrear, queremos fazer um festival semanal de verdade e tem um bocado de gente espenhada nisso, não por grana, mas por paixão. Isso não é lindo? :)
    Nem tudo está perdido! Como diria o adesivo de vários cadernos do mundo, quem fica parado é poste ;)

    Besos da Cris, direto do futuro hehe

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