o blues em BH é feito de muitas figurinhas repetidas e de muitos bons músicos anônimos.
pobre de mim querer dizer que conheço todo o blues em BH. Mas talvez eu conheça um pouco mais que a média.
o blues em BH começou de forma significativa na década de 80, quando havia um lugar chamado Blue Bar, que eu nunca fui, na savassi. Foi quando surgiu o Blues and Company e o Nasty Blues, eu acho. Eu sei que eles já existiam nessa época.
o Nasty Blues sempre foi e continua sendo um dos expoentes do blues na cidade. A banda teve por muito tempo o Leandro Ferrari como gaitista, mas no final o Bruno, o líder da banda, admitiu que não gostava de gaitistas e o Nasty continua sem gaitista fixo até hoje. No entanto, a "cozinha" do Nasty mantém um bom relacionamento com o Ferrari e com os gaitistas da cidade.
o Blues and Company sempre foi a banda do Clebão, que é um vocalista excelente e maluco. A banda recentemente voltou à ativa, mas não tenho visto shows deles. Não tenho certeza, mas acho que o Clebão possui outro projeto que é a banda Yer Blues, muito boa tb (não lembro se era ele cantando, mas lembro que a banda era boa)
tb houve o Black Coffee, da Carol, que eu nunca conheci pessoalmente, mas que me quebrou o maior galho da minha vida de gaita, que foi indicar o pessoal do Hot Spot pro lançamento do CD 2 do Gaita-L no bar da estação em 2001. Diz o Osmar que a banda era ótima e ele sempre dava uma canja com eles, mas eles tocavam no seis pistas e eu só arrumei carro aos 29 anos, então sequer vi show deles. Mas sou profundamente agradecido a ela até hoje, mesmo não reconhecendo ela se eu topar com ela na rua. O Black Coffee chegou a virar "Café Preto" quando parou um pouco de tocar blues para tocar mpb.
o Hot Spot tinha acabado de começar quando tocou pro lançamento do CD do gaita-l 2, fazendo um show memorável com dezenas de gaitistas bons (só lembrando alguns: marcelo batista, leandro ferrari, pedro kokaev, dalton (SP), eberienos (RJ), gaspar vianna (RJ), osmar, bresslau, mariana, mas tinha mais gente) e ainda pegaram uma grana boa do show. Excelente debut. Voltaram à ativa e estão tocando em tudo quanto é lugar. Mantenho uma ótima relação com esse pessoal e estou devendo uma canja com eles. Sujeitos ótimos.
o Hot Spot conta com o Marcelo na guitarra, que também toca no excelente Loretta Funkenstein, que tinha o Pedro Kokaev tocando coisas do nível do Carlos Del Junco. Infelizmente o Pedro resolveu sair da banda e trocaram a gaita por metais. Tem show deles no café da Status no início de Setembro.
quase tão antigo quanto o Nasty, existe o Ary Batera, articulador, baterista e idealista maluco do blues, que montou o Mandinga e logo depois a Legado Blues, que têm se mantido firme, ainda que mudando de tempos em tempos a configuração. Tive a felicidade de dar uma canja no República do Jambreiro com o guitarra e o baixo do Legado ano passado. É um sujeito importante no cenário.
tb existe o trabalho do gaitista Guto Grandi, no trinca de ases. Infelizmente não mantenho contato com ele por razões pessoais. Mas ele existe e deve ser citado.
Leandro Ferrari é uma das forças motrizes do blues na cidade, promovendo o Minas Harp, e toca no Compadres e as coisas eletrônicas do batrak. É um velho amigo e foi professor de quase todo mundo.
Do sangue novo, temos o Osmar em sua eterna busca por uma banda de blues puro. Chegou a ter um repertório muito bom com o Ziriguiblues, que infelizmente acabou.
Tem o Samir, que toca muito bem e tem uma banda da qual não me lembro o nome agora, mas parece ser boa (quando fui tentar ver, o lugar tava lotado e eu não entrei).
A Mari de vez em quando anima, de vez em quando desanima de gaita.
O Édson chegou a ter uma banda de um único show, a papa-léguas, mas ainda tem um puta timbre.
O Fred veio de viçosa e está tocando bem como nunca. Acho que tem uma banda e deu um show em Ponte Nova, mas não sei muitos detalhes.
O Bruno tem uma onda John Popper, toca um bocado tb, mas acho que ainda está no canadá. Minha fita de vídeo que eu mandei voltou e estou para entregar para ele assim que ele der sinal de vida.
Tem o Alexandre Araújo, e periodicamente ele me chama para dar uma canja nos shows de quinta dele. Um dia eu vou. Ele tocava com o Diogo quando ele morava aqui e chegou a tocar com o Osmar tb.
Já vi um sujeito tocar stevie ray vaughan sozinho no estranho palco do café e cultura, detonando tudo, mas nunca soube o nome dele.
Tem a Rodica, que tem um repertório mezzo blues, mezzo jazz, mezzo música latina, técnica vocal soberba, showzaço. Anda sumida, mas eu tento acompanhar seus shows sempre que possível.
Tinha o Guilherme Bizzoto que tocava guitarra e sumiu.
E tem o Zé Raimundo, que anda sumido, mas que de vez em quando aparece. A vida anda agitada e o cara anda viajando muito para dar aulas, tá foda ver ele.
E o Deja Blue acabou e o Blue Label tá começando. o Deja Blue nunca foi tão blues quanto eu queria no início, sempre foi mais soul, mas nunca achei isso ruim, pq do que a gente tocava, grande parte estava bem ensaiada e eu gostava de tocar. O Blue Label deve ser mais blues pq acho que a galera quer tocar mais blues mesmo.
Onde se ouve blues em BH? Além-da-coisa, mutantes bar, stonehenge, garage d'caza, freuds, café status, eventualmente em macacos (reduto do grandi). Dos que me lembro agora. Com alguma negociação, se toca blues tb no República do jambreiro (nova lima), no Matriz, na Showtime, no café do SESI, no Utópica, no Conservatório bar, no aluarte de Tiradentes e na casa do Kenji. Deve haver mais lugares. O Jefferson Gonçalves conhece bons lugares no interior de minas. Eu tenho o fetiche de um dia tocar em Tiradentes e em Ouro Preto. Encontros de motoqueiros e festas universitárias (em viçosa...) tb são bons público para shows de blues. Mesmo o buteco do ICB é um climão massa. Já fui em show de blues em praça pública no bairro santa teresa, ou perto da fábrica da seven boys ou mesmo em festas em diretórios do PT. Até no reciclo já teve jam, com o pessoal do Legado.
Lugar e gente teoricamente não falta. Dinheiro com certeza falta. Jam de palco aberto e eventos regulares desse tipo, bares temáticos de blues eu não conheço. O mais próximo disso talvez seja o Garage d'caza, reduto do Ferrari. Mas um lugar blues de quem gosta e principalmente conhece blues mesmo, não me ocorre. BH chegou a ter o blue banana que tinha essa proposta e teve um show do Fabulous Thunderbirds praticamente vazio. No mesmo lugar, nem chegou a ter Jeff Healey por falta de público pagante. O último show de blues da cidade foi no marista (chevrolet hall) com Rod Piazza, show fraco no lugar errado. O festival que tinha no mineiríssimo não tem faz alguns anos (eram 3 dias de shows trazendo bandas de SP e RJ). Do ibitipoca eu nem tenho notícia.
De vez em quando eu recebo emails de gente como o Róbson Fernandes perguntando como fazer para tocar em BH. Tristemente, eu me limito a responder que o homem que tem as chaves é o Leandro e que BH paga mal, ainda mais quem vem de RJ e SP. O Jefferson, que é uma espécie de james brown da gaita no sentido em que ele trabalha pacas prá conquistar o espaço dele, já conhece os caminhos do interior de minas. Eu sei que há boas bandas de blues no interior de minas, mas quem conhece isso mais é o Ary.
Do que eu já conversei com o Helton Ribeiro, a demanda está no interior. O blues está fora de moda, as bandas de blues se multiplicaram mas poucas ocupam o espaço. Nunca mais se viu o blues etílicos em BH, o Big Allambik se acabou. O cenário anda fraco. Os bons músicos continuam em casa. Mas a gente faz o que pode.