vou começar humilde neste post. Eu ouço blues faz 15 anos. Hoje eu ouvi blues DE VERDADE. Não tou falando de blues bom, isso vc tb já ouviu. Tou falando de blues DE VERDADE.
pois finalmente o Kenji colocou as manguinhas, digo, as gaitinhas prá fora em Washington DC. E em grande estilo! Fui no The Archie Edwards Blues Heritage Foundation, que nada mais é que uma barbearia bem velha que era de um blueseiro local e que virou centro cultural do blues, mas de forma incrivelmente informal. Sábado, 13h, os músicos vão entrando e tocando, e eu fiquei até o lugar fechar. Tente imaginar uma legítima jam session com o blues mais autêntico que vc puder imaginar. Agora adicione uns 20 músicos da melhor qualidade tocando JUNTOS e vc no meio da jam, ficando amigo de todo mundo.
se vc acha isso divertido (se não acha, devia, pq ***É*** incrivelmente divertido), imagine que o Kenji filmou quase 1 hora disso com a revém-adquirida-fuderosa filmadora digital! Só não filmei mais pq a bateria não deu conta. Mas semana que vem é ÓBVIO que eu vou levar o eliminador de pilhas. E mais fitas.
se vc AINDA não acha isso divertido, imagine que TODO SÁBADO rola esse negócio e que eu vou certamente aparecer em TODOS eles até o dia primeiro de abril.
só na jam de hoje, que foi de 13 às 18h, eu devo ter tocado com pelo menos uns 4 gaitistas (Allen Holmes, excelente, devo pegar uns workshops com ele aqui. toca horrores horrores horrores, aluno do Levy, usa e abusa de cromatismo, timbrão COM SUPORTE - a la Pedro Kokaev - e tb toca baixo de pau, Pearl, aluna dele, uma senhora simpática e completamente obcecada por gaita, toca um estilo mais madcat, um senhor bacana que eu esqueci o nome, mas que é a cara do Zé Raimundo), uma meia-dúzia de violeiros DA PESADA, uns três CANTORES, e covém realçar as maiúsculas pq eles CANTAM blues, uma cantora muito boa de Country (a Kim, uma senhora simpática tb) e até um pastor evangélico bacana apareceu puxando uns gospels. Isso sem contar os pianistas (tem uns dois excelentes), outro baixista (de baixo de pau tb), um clarinetista da pesada e um sujeito especializado só em instrumentos malucos, como garrafas e baixos feitos de um pedaço de pau apoiado numa bacia gigante (E FUNCIONA!).
e eu vou te falar que eles colocam QUALQUER vocalista de blues brasileiro no chinelo. E fácil.
de gente nova ali (sub-40, nem é tão novo assim), só eu e o Allen. E ainda toquei um pedacinho de All Blues do Miles Davis (eu ouvi essa música pela primeira vez no mesmo dia em que eu ouvi meu primeiro blues) até a hora em que o cara foi me mostrar o que ele sabia, e aí malandro, é querer acompanhar um Michalek ou um Levy da vida: vc NÃO ACOMPANHA, só fica babando. Felizmente, eu era o segundo melhor gaitista. Infelizmente, o segundo melhor gaitista estava praticamente no mesmo nível de todos os demais gaitistas. Talvez eu fosse o terceiro, já que a Pearl é fera nos double stops, mas acho que eu ainda tenho mais truques na manga que ela ;-) modéstia às favas.
em termos de qualidade geral da galera, é o nível mais top com quem eu já toquei, de longe, e fiquei muito feliz com o espírito da galera, que é acolhedor e incrivelmente amistoso. O pessoal está ali para tocar e ninguém está competindo. Pelo contrário, estão todos se divertindo, e eu também. Muito. Mississippi Juhn Hurt NA VEIA.
obviamente, lembrei do Osmar. Osmar, se vc estiver lendo, por favor, chore. Mas chore sinceramente. E faça o possível e o impossível para vir aqui. ;-) Porque a cada 5 minutos que eu ficava ali, em 3 deles eu pensava "o Osmar tinha que estar aqui".
rapidamente estou pegando as manhas de DC. Acho que vou ter um bocado de material para postar neste blog, e assim que eu arrumar uma máquina decente com firewire (a daqui do ap eu instalei uma plca firewire mas mesmo assim não rola ainda. saco. senão eu punha os vídeos na web de uma vez), vcs vão ver muitas horas do legítimo blues de Washington DC. HO HO HO.
mas se um dia vcs vieram a DC e puderem (dêem um jeito de poder), venham na barbearia. Vcs nunca viram nada igual. Mesmo
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