[publicado no Portal Gaita-BH em Janeiro de 2002]
O SPAH é a sociedade pela preservação e avanço na harmônica, sem fins lucrativos, criada em Michigan em 63 e que conta hoje com cerca de 3000 gaitistas cadastrados do mundo todo. Todos os anos, o SPAH organiza um encontro anual que dura vários dias e que reúne shows e workshops. Ou seja, é a meca de qualquer gaitista.
Gaitistas como Rodrigo Eberienos (não, não. O cara da foto não é o Eberienos. É o David Fairweather) e Jefferson Gonçalves já subiram no palco deste festival. É justamente Rodrigo Eberienos o entrevistado do portal Gaita-BH desta edição.
Quando você foi ao SPAH? Quais as dicas que você daria a uma pessoa que nunca saiu do país e que quisesse ir a um SPAH? Quanto custa, ao todo, uma viagem ao SPAH?
Bem, fui pro SPAH em 98 e em 2001. É bem fácil, pois você já sai daqui com o endereço do Hotel e todo hotel na América tem um Shuttle, que é um ônibus ou van que te leva do Aeroporto pro seu Hotel. O preço de uma viagem completa vai variar do Hotel e da cidade. É preciso passagem aérea, o hotel, mas isso é fácil pois pode-se dividir o quarto com 4 pessoas no máximo. A entrada da convenção, pra todos os dias incluindo o jantar de sábado à noite fica na faixa de 160 dólares mais o dinheiro pra alimentação e gastos pessoais
Quais gaitistas você conheceu lá? Com quais você tocou? O que você achou deles? Como foi a receptividade deles?
Muitos. Steve Baker, Carlos Del Junco, Mike Turk, Bendan Power, Jerry Portnoy, Jelly Roll Johnson, Frederic Yonnet, Tom Ball, Mike Stevens,Michael Peloquim, Rob Paparozzi e muito outros. Todos me receberam muito bem, fiz muitas amizades legais menos com o Peloquim, muito metido !
Esclarece para nós: e aquela fofoca da gaita do Brendam Power? É verdade aquilo? O que aconteceu mesmo?
Essa fofoca foi engraçada. Pois fui apresentado a ele pelo Buzz, a figura mais carismática do SPAH. Bem, aí nos falamos rápido e pronto. No dia seguinte, sentamos pra conversar e eu disse que tinha estudado quase tudo dele. Ele pediu pra eu tocar alguma, eu toquei uma Jig, bem rápida. Ele perguntou que gaita eu estava usando e respondi uma Hering. Ele disse, não o tom, eu falei em C. Ai ele ficou impressionado pois ele usava uma cromática em D com algumas notas alteradas. Dai ele pediu mais uma e outra e outra mais... No final ficamos muito amigos, tocávamos no hall até as 3 da manhã, e ele me convidou pra fazer 2 músicas com ele. Na última noite, toquei até minha boca sangrar !
O que é preciso fazer para subir no palco do SPAH?
Hoje em dia é preciso ser convidado! Mas existem as Jams de Blues, que são feitas geralmente no Hall, totalmente informal. É só chegar, sentar na roda e solar, geralmente 2 chorus por gaitista. Tem também as jams de Jazz e nesse último ano criaram as de Irish também. Mas no palco mesmo, só sendo convidado pela diretoria do SPAH ou pelo próprio gaitista que fará o show.
E as fábricas de gaitas e amplificadores? Como elas participam do evento?
Não participam, há apenas 2 lojas, uma do SPAH e a outra é a Harp Depot, do John. As fábricas de gaita mandam seus representantes apenas pra fazer os contatos e mesmo assim só a Hohner e a Huang.
Você acha que um dia teremos algo parecido aqui no Brasil?
Quem sabe? É um grande evento, muito bem organizado, com workshops, shows, jams, sorteios, café da manhã só pra mulheres gaitistas, orquestras de gaitas de todos os tipo. O Banquet de sábado a noite é bem legal. Ocorrem os shows mais importantes, a premiação do gaitista do ano, entre outras coisas. Se alguém tiver disposição e noção adiministrativa com certeza poderá ter um aqui no Brasil. Pelo que me informei, os gaitistas convidados não ganham nada, apenas hotel e passagem aérea.
(Rodrigo Eberienos é gaitista da banda carioca Bludogues, mas também tem seus projetos como o CD solo que está em fase de produção. Participa do Gaita-L desde tempos imemoriais. Também é professor de Boxe e estuda. Como arruma tempo para conciliar tudo isso é um tremendo mistério.)
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