quarta-feira, 12 de outubro de 2005

Microfones Artesanais de Diogo Farias

[publicado no Portal Gaita-BH em Outubro de 2004]

Meu interesse por microfones de gaita iniciou-se ao adquirir o meu primeiro bullet para gaita (shure 520-DX). Após muito uso, o potenciômetro começou a dar defeito e procurei um ex-técnico da Lesson aqui em Fortaleza p/ efetuar o reparo. Ele me disse que as cápsulas de telefone davam um timbre parecido com o do meu bullet e que tinha colocado uma dessas cápsulas em um blues blaster que estava com o elemento queimado. Curioso, fui às eletrônicas e comprei várias cápsulas de telefone e fiz alguns testes. Isso resultou no meu primeiro modelo, a “estrovenga” que ao ser apresentada ao pessoal de BH mudou o nome para “sweet mamma”. Montei uma série deles - o corpo usado foi a tampa de uma mamadeira ao contrário da estrovenga que era montada em um pote de tempero. Na verdade, a Estrovenga ou Sweet Mamma é uma opção barata para quem ainda não quer inverstir em um microfone para gaita, pois timbra muito melhor que um microfone de voz, mas nunca baterá os tradicionais bullet's para gaita. Existe um esquema na internet que ensina a montar um microfone com cápsula de telefone.

Os bullets tradicionais me incomodavam em alguns pontos ergonômicos. Meu microfone preferido era o green Bullet, porém o achava pesado e com o diâmetro um pouco grande para as minhas mãos. Quando passava muito tempo tocando meus braços cansavam. O Astatic tinha um diâmetro mais confortável, porém aquele esbarro inferior incomodava ao fazer a vedação da concha. Passei então a procurar outras opções de microfones e notava que sempre havia um ponto ergonômico negativo e embora eu achasse um modelo ergonomicamente melhor, seria difícil e adquiri-lo, pois esse microfones antigos são raros. Passei então a pesquisar microfones artesanais e encontrei um cara na Califórnia (Fritz) que faz uns microfones muito bonitos, usava madeira para fazer o corpo e tinha essa preocupação ergonômica. Entrei em contato e me desanimei quando ele me passou os preços. Deixei, então, essa idéia de lado. Certo dia, comentando com meu pai sobre os microfones do Sr. Fritz, ele disse que uma vez comprou um ovo de madeira que servia para costurar meias. Procurou em umas caixas velhas e felizmente encontrou. Ele não serviu, mas me veio a certeza de que poderia fazer um microfone para gaita adaptado às minhas necessidades. Parti pro desafio e fui a uma metalúrgica levando meus mics e o ovo de madeira. Expliquei minha idéia e passamos ao próximo passo: que material usar para fazer o corpo. Tinha que ser leve e fácil de trabalhar. Pensamos em alumínio, mas ficava difícil para pintar. Um material plástico, sujava muito. Por ironia do destino, o dono da metalúrgica tinha derrubado uma parte do galpão e tinha uns pedaços de madeira jogados em um canto, perguntei se era possível usa-los e resolvemos testar. Surgiu o primeiro modelo.

Mandei as fotos p/ alguns amigos e pedi opiniões sobre o projeto.

e-mail do Gaspar Viana:

Muito bom !

Faltou o acabamento na madeira, né ?
E se tiver como fazer um pra mim (sem elemento, claro) diz o custo :-)
O acabamento deixa por minha conta, querendo alguma ajuda, tamos aê...

[[]]'s

Gaspar


O e-mail do Gaspar me despertou para dois pontos fundamentais: um, que precisava de um acabamento melhor e dois, que tinha alguém querendo adquirir um microfone meu.
Resolvi pesquisar material, aprimorar algumas peças e refinar o acabamento, testar várias possibilidades. Nesse momento, percebi o trabalho que dá em se criar alguma coisa, transformar as idéias em algo concreto e com qualidade. Surgiu então o modelo que batizei de DF-PX1. Depois de testar fiquei muito feliz, pois consegui um modelo bonito com visual vintage, leve e com uma excelente empunhadura, permitindo uma vedação excelente. Notei também que a madeira do corpo tem uma influência na timbragem. Além do mais é uma peça exclusiva. Os feitos em madeira natural são únicos, pois jamais existirá um igual ao outro.
Especificações do DF-PX1

- Visual vintage
- Corpo em madeira (disponho de vários tipos de madeira)
- Blindagem eletrostática (para evitar zumbidos)
- Conectores (de rosca vintage)
- Controle de volume
- Potenciômetros de acordo com a cápsula a ser instalada (cápsula não inclusa)
- Pintura com detalhe em purpurina azul
*Equipei esse mic com uma cápsula controlled magnetic da Shure

No momento estou fazendo os seguintes acabamentos:

-Madeira natural
-Madeira natural com detalhe machetado
-Madeira composta (vários tipos de madeira em uma só peça)
-Verniz pigmentado translúcido (permite ver a madeira)
-Pintado
-Pintura com purpurina

Obs: Verniz com acabamento semelhante ao usado em guitarras.

A idéia é entregar o microfone pronto para instalar a cápsula, o que se faz com extrema facilidade e sem solda, basta apenas colocar os fios no terminal e apertar.

Em breve, estarei colocando uma página na internet com fotos dos outros tipos de acabamento. Também recebi pedidos para instalar uma cápsula de SM-58, para ser usado para voz e isso será possível em breve, pois tenho que modificar um pouco o projeto do corpo. A todos um forte abraço e fico à disposição para qualquer pergunta.

Diogo Farias
diogogaita@hotmail.com
(85) 9119 0345 / (85) 3226 2862

Diogo Farias é gaitista, violonista, médico cirurgião de mão, criador de canários, surfista, fabricante de microfones. Tudo isso em Fortaleza, Ceará.

2 comentários:

  1. Li o seu post sobre telefone artesanal, e a descrição do seu projeto é muito boa, Manda-me algumas fotos para visualizar o resultado.
    Obrigado.
    zehmariap@gmail.com

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  2. telefone não, microfone...

    www.diogofarias.com

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